Neste mês de agosto, em que celebramos o Dia do Filósofo (16/08), retornamos com o projeto Vozes da Filosofia de Manaus (VFM), uma série de entrevistas com pensadores que, desde a capital amazônica, constroem o pensamento filosófico com sensibilidade, crítica e compromisso com a formação humana. Nesta edição, entrevisto o filósofo, escritor e professor Victor Hugo Neves de Souza, um amante do filosofar e das conversas produtivas, como ele mesmo se define.
1. Quem é Victor Hugo Neves de Souza?
Meu nome é Victor Hugo Neves de Souza, nasci em Manaus, sou formado em Licenciatura Plena em Filosofia pela UFAM, turma de 2003. Moro no centro de Manaus, sou apaixonado por filosofar e por boas conversas. Atualmente, atuo como professor de Filosofia no Ensino Fundamental II da rede pública e também como escritor.
2. Como nasceu seu interesse pela Filosofia?
Meu pai foi professor de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Amazonas e minha mãe, assistente social. Cresci em um ambiente rodeado por bons livros, discos e debates. Esse contexto me incentivou desde cedo à reflexão e ao burilamento do pensamento. Acredito que foram as análises das letras de músicas que me despertaram para o universo filosófico. Aos poucos, passei a me interessar por obras dos grandes pensadores e a buscar um mergulho mais profundo na filosofia.
3. Qual a sua trajetória como escritor?
Participei de diversas antologias e publiquei dois livros solo. Entre as antologias, destaco: Periplaneta (2013), Revista Sirrose (2002 a 2019), Sete dias cortando os dedos das mãos (2019), A imortalidade amazônica (2017) e Antologia de poetas e prosadores contemporâneos (2018). Como autor, escrevi Sinestesia e Recortes de Homens (2015) e o mais recente, A tua imagem num canto de sarjeta (2025). Todos esses textos carregam profundidade filosófica, explorada por meio de estilos literários, especialmente a crônica.
4. Quais os maiores desafios de quem escolhe a Filosofia como modo de vida?
Vejo que o maior desafio é o mercado de trabalho. Vivemos numa sociedade que privilegia a técnica, a velocidade, o lucro e o imediatismo. A filosofia, por outro lado, questiona todos esses valores. Ela nos convida a pensar criticamente sobre o papel do ser humano no mundo. Mesmo diante das dificuldades, estudar filosofia nunca será em vão. Quem mergulha no pensamento filosófico é contemplado com ideias, criatividade e força para enfrentar os desafios da existência. A filosofia segue atual e cumpre um papel essencial na formação do ser humano.
5. Por que continuar filosofando em tempos tão difíceis?
Existe uma frase atribuída a Voltaire que, mesmo que não tenha sido dita por ele, representa bem o seu espírito: ‘A superstição põe o mundo em chamas, a Filosofia apaga-as.’ Em tempos de intolerância, fake news e desesperança quanto ao futuro da humanidade, o convite que deixo é este: sigamos exercitando o pensamento filosófico. O bom uso da razão e o autoconhecimento devem ser o nosso leme.
Parabéns ao filósofo Victor Hugo Neves de Souza por sua admirável trajetória, marcada pelo amor à educação, à literatura e ao compromisso com a formação crítica de seus alunos e leitores. Sua voz ecoa com força entre as tantas que resistem e constroem o pensamento em nossa cidade.
Por fim, convidamos você, prezado leitor e estimada leitora, a continuar nos acompanhando nas próximas edições do projeto VFM, onde outros filósofos e filósofas compartilharão suas histórias, ideias e caminhos no exercício diário do pensar filosófico em Manaus, no Brasil e no Mundo.
Luís Lemos é professor, filósofo, escritor, autor, entre outras obras de, “O primeiro olhar” (2011), “O homem religioso” (2016), “Jesus e Ajuricaba na terra das amazonas” (2019), “Filhos da quarentena” (2021), “Amores que transformam” (2024) e “Noite Santa” (2025).
Instagram: @luislemosescrito








