Reprodução/ TV Bandeirantes

São Paulo — Maicol Sales dos Santos, de 27 anos, preso que confessou ter matado Vitória Regina de Souza, foi transferido, na tarde desta quarta-feira (19/3), para o Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Anteriormente, ele estava detido na Delegacia Sede de Cajamar — que comanda a investigação.

A transferência veio após o pedido da defesa, informado ao Metrópoles via o advogado de Maicol, Flávio Bochetti. Ele citou em sua confissão, realizada na madrugada da última terça-feira (19/3), que temia pela própria integridade física dentro e fora da cadeia, visto que recebeu ameaças da população. Além disso, demonstrou preocupação em relação à saúde da família.

A reportagem procurou a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), mas ainda não obteve retorno. Espaço segue em aberto.

A equipe de defesa do suspeito também afirmou à reportagem que cogita pedir a anulação da confissão. Até o momento, Maicol está de preso de maneira temporária.

Motivação do assassinato

Segundo o investigado, ele e Vitória tiveram “um envolvimento” há cerca de um ano e meio, no qual estavam “apenas trocando alguns carinhos”. À época, o suspeito já se relacionava com a atual esposa e, sabendo disso, Vitória teria passado a ameaçá-lo, afirmando que contaria o ocorrido para a companheira de Maicol.

De acordo com a confissão, a adolescente manteve a postura durante todo o período, o que preocupou o suspeito, já que ele temia perder a esposa. Foi na noite de 26 de fevereiro que Maicol esperou por Vitória em um ponto de ônibus, sem saber ao certo se a adolescente desceria naquele local. Quando viu que a jovem não desceu, o homem contou que deixou o ponto e decidiu ir embora.

Porém, segundo ele, por coincidência, o caminho seguido pelos dois é o mesmo e, em determinado trecho, eles se encontraram. Maicol, então, teria chamado Vitória para conversar, a jovem teria topado e entrado no veículo. Já dentro do carro — o Corolla prata –, o homem diz ter pedido para Vitória não falar com a sua esposa, já que, quando a adolescente e Maicol tiveram a relação, ele estava apenas no começo do relacionamento com a atual esposa e, por isso, as ameaças de Vitória nem fariam sentido.

Segundo o investigado, foi neste momento que a adolescente teria se exaltado e o agredido com arranhões no pescoço e no antebraço esquerdo, deixando cicatrizes que, de acordo com ele, já eram perceptíveis na data do primeiro depoimento dado à polícia. Maicol confessou que também se exaltou, pego uma faca na parte lateral do banco do motorista, entre o apoio de braço e o banco, e desferiu dois golpes na jovem.

De acordo com o preso, Vitória não gritou, porque a ação foi muito rápida e a jovem desfaleceu logo após o segundo golpe.

Desespero após o crime

Maicol contou na confissão que entrou em desespero após a ação e seguiu para casa. Ao chegar na residência, ele colocou o corpo de Vitória no porta-malas do carro, pegou uma enxada no imóvel e foi até o trevo de Jundiaí, no interior de São Paulo, mais precisamente na Estrada da Macumba.

Então, ele diz que entrou na rua do Lenheiro e despiu o corpo da adolescente, deixando-a apenas de camiseta e sutiã, porque acreditava que, desta forma, a decomposição do corpo seria acelerada.

Com a enxada, o homem fez um buraco raso no chão e enterrou o corpo, colocando duas pedras grandes em cima da cova. Ele abandonou o endereço e voltou para casa, muito nervoso. Ele chegou em casa, deixou o carro estacionado do lado de fora da casa. Depois, pegou as roupas da Vitória, que estavam no porta-malas do carro, e as deixou em uma área externa da casa. Em seguida, entrou na residência, tomou banho e deitou-se para dormir. Maicol contou não conseguiu pegar no sono.

Dia seguinte do crime

No dia seguinte, ele se levantou às 7h e foi trabalhar, retornando para casa por volta das 17h. Aproveitou que tinha lixos para queimar e colocou fogo nas roupas e no celular de Vitória. Sobre a faca utilizada nos golpes contra adolescente, Maicol contou que descartou-a em um local onde se forma um lago.

O preso contou que não retornou ao local onde enterrou Vitória e não sabe como e nem quem foi o responsável por desenterrar o corpo da adolescente.

O homem ainda contou que não tinha percebido manchas de sangue no carro, mas lavou o veículo focando principalmente no porta-malas por conta do forro, que acreditava ter escorrido algum sangue.

Quando percebeu a repercussão da imprensa, Maicol afirmou que ficou preocupado, mas tentou não aparentar nervosismo. Disse ainda que quando soube do encontro do corpo de Edna, na cachoeira Morungaba, nem se preocupou, porque acreditava que certamente se trataria de outro corpo, já que não fazia sentido o cadáver de Vitória aparecer tão distante de onde tinha sido enterrado. Só depois ficou sabendo que se tratava de Edna.

No dia seguinte Maicol foi preso, passou por exames médicos e já foi assessorado por quatro advogados, que se sucederam, dois a dois.

Por fim, disse que não contou do ocorrido para ninguém, afirmou temer por sua integridade física dentro e fora do sistema carcerário, visto que foi também ameaçado pela população. Maicol também afirma que teme por represálias da comunidade contra a própria família e que nenhum dos outros averiguados nas investigações têm relação com o ocorrido.

Ao contrário do que foi levantado pela polícia no inícios das investigação, Maicol negou fazer parte de qualquer facção criminosa, “mal tenho conhecimento de como elas agiram”.

Questionado sobre as fotos de mulheres parecidas com Vitória que tinha no celular, ele disse que “apenas achava as moças bonitas”.

“Obcecado” por Vitória

O suspeito está preso desde sábado retrasado (8/3). O Metrópoles já havia informado que as investigações apontavam para uma obsessão de Maicol por Vitória.

O advogado da família de Vitória, Fábio Costa, disse que, no celular dele, foram encontradas fotos da adolescente e de outras garotas com características físicas semelhantes às de Vitória, além de imagens de facas e revólver.

As investigações também descobriram que Maicol visualizou uma postagem feita por Vitória no Instagram quando esperava o ônibus para voltar para casa. O indício é de que, com isso, o suspeito saberia exatamente o horário que ela chegaria.

A morte de Vitória

  • Vitória Regina de Souza, de 17 anos, foi encontrada decapitada e com sinais de tortura na tarde do dia 5 de março, em uma área rural de Cajamar, na Grande São Paulo. Ela estava desaparecida desde o dia 26 de fevereiro, quando voltava do trabalho.
  • Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que o corpo estava em avançado estado de decomposição. A família reconheceu o corpo por conta das tatuagens no braço e na perna e um piercing no umbigo.
  • Imagens de câmeras de segurança mostram a jovem chegando a um ponto de ônibus no dia 26 de fevereiro e, posteriormente, entrando no transporte público. Antes de entrar no coletivo, a adolescente enviou áudios para uma amiga nos quais relatou a abordagem de homens suspeitos em um carro, enquanto ela estava no ponto de ônibus.
  • Nos prints da conversa, a adolescente afirma que outros dois homens estavam no mesmo ponto de ônibus e que lhe causavam medo. Em seguida, ela entra no ônibus e diz que os dois subiram junto com ela no transporte público — e um sentou atrás dela.
  • Por fim, Vitória desce do transporte público e caminha em direção a sua casa, em uma área rural de Cajamar. No caminho, ela enviou um último áudio para a amiga, dizendo que os dois não haviam descido junto com ela. “Ta de boaça”. Foi o último sinal de Vitória com vida.

Com informações de Metrópoles.

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