Depois de ficar 14 anos fora do futebol brasileiro, Marcos Paquetá demorou apenas dois minutos para ver seu time sofrer um gol. O destino foi um pouco perverso para o treinador em sua estreia no Botafogo, quando seu time jogou melhor que o Corinthians a maior parte do tempo. Depois de longa pressão, o alvinegro carioca foi castigado mais uma vez no fim e perdeu por 2 a 0, em Itaquera.
– A equipe deles foi cirúrgica quando foi ao ataque. O Cássio estava numa noite feliz e impediu que a gente empatasse ou até saísse com a vitória – disse Rodrigo Pimpão, ao fim do jogo.
O gol saiu logo na primeira pressão, após jogada com participação de todo o ataque, Roger, Romero e Rodriguinho. Foi o último deles quem aproveitou rapidamente uma sobra a cerca de três metros da área. A bola entrou no ângulo superior, sem chances para Jefferson, que nem sequer pulou.
Como era de se esperar, o gol foi um baque para o Botafogo. Logo após o lance, enquanto errava passes no contra-ataques, o alvinegro carioca parecia que seria presa fácil para o paulista. Os donos da casa, no entanto, mudaram de estratégia. Fechados atrás, escolhiam as bolas certas para avançar. Na prática, passaram a não assustar mais os visitantes na primeira etapa.
Sem um adversário disposto a agredir, o time de Marcos Paquetá passou a mostrar virtudes. O maior dele talvez fossem as mordidas no meio-campo. Com roubadas de bola, até do atacante Ezequiel, o Botafogo retomava a bola. O posicionamento, o controle da posse de bola e os avanços coordenados mostravam que o tempo de treinamento foi proveitoso, ainda que sem brilho técnico.
Faltava acertar o passe final, aquele que coloca o companheiro em posição de finalizar. Responsáveis por estas bolas, João Pedro e Valencia foram os que mais decepcionaram no quesito. Ao fim da primeira etapa, Lindoso usou a expressão da moda para analisar:
— Precisamos caprichar mais no último terço ou nos chutes de longa distância.
Se tocando não conseguia assustar, o Botafogo tentou pelo alto. Foi por lá que o time ficou duas vezes perto de empatar. Aos 11, em falta próxima da área, Valencia cobrou e Igor Rabello invadiu livre a pequena área, mas cabeceou por cima do travessão. Aos 24, em nova falta batida pelo chileno, foi a vez de Kieza cabecear mal e desperdiçar o gol.
Para mudar o quadro na segunda etapa, Paquetá tirou João Pedro e colocou Rodrigo Pimpão, que tinha a expectativa de começar a partida. Aos 10 minutos, ele recebeu de Valencia e acertou um belo chute de primeira, exigindo bonita defesa de Cássio. Melhor em campo, o time chegou ao gol aos 16 com Rabello, mas ele estava impedido. Nos quatro minutos seguintes, outras duas chances. Para dar mais força ao ataque, o uruguaio Aguirre entrou no lugar de um já esgotado Ezequiel.
No melhor momento do time de Paquetá, o Corinthians aproveitou jogada pelo lado direito do ataque, aproveitando-se do lado mais frágil da defesa adversária. Em ótimo passe de Fágner, Romero chutou cruzado, mais uma vez sem chances para Jefferson. Foi o 24º gol do paraguaio no estádio, em que é o artilheiro.
Nos minutos finais, já com Luiz Fernando no lugar de Valencia, o goleiro Cássio fez grandes defesas em finalizações de Gílson, Kieza, Carli, Pimpão e Rabello. Com o resultado, o Botafogo estaciona nos 17 pontos. No sábado, o alvinegro enfrenta o Flamengo, no Maracanã. (O Globo)