Pelo menos 65% da população brasileira tem ou já teve algum sintoma no sistema urinário como urgência ou necessidade de fazer força para urinar, aumento da frequência, dificuldade de esvaziamento da bexiga ou acordar durante muitas vezes para ir ao banheiro. Os dados são da pesquisa Brasil LUTS (sigla em inglês para Sintomas do Trato Urinário Inferior), apresentada no último Congresso Brasileiro de Urologia, realizado em 2017.
Nesses casos, o recomendável é a utilização do estudo urodinâmico, também chamado de “avaliação urodinâmica”, que serve para identificar, com precisão, o tipo de problema e direcionar o melhor tratamento possível.
“A solicitação do exame deve ser feita pelo médico, com o objetivo de determinar com maior exatidão a causa dos sintomas urinários do paciente. O estudo urodinâmico é particularmente importante também para pacientes com doenças neurológicas, em especial quando há doenças da medula espinhal”, afirmou o urologista Giuseppe Filgiuolo, do Centro de Urologia do Amazonas (Urocentro). Em pacientes sem doença neurológica associada, a Urodinâmica pode ser útil quando há dúvidas sobre a causa dos sintomas urinários ou quando há falha do tratamento conservador.
“Não é necessária nenhuma preparação prévia especial para realizar este exame em adultos. Já para bebês e crianças, a preparação depende da idade da criança e das experiências anteriores e do grau de confiança com o médico”, completou Figliuolo.
O exame consiste em identificar causas de patologias que condicionam alterações do padrão normal do armazenamento da urina na bexiga e do ato da micção, avaliando, por exemplo, a Cistometria, que é medição das pressões na bexiga durante o enchimento da mesma, de forma artificial; Estudo pressão-fluxo, que observa o comportamento das pressões durante a micção (esvaziamento da bexiga); Perfilometria uretral, que consiste na avaliação das pressões na uretra; e Electromiografia, que identifica o comportamento dos músculos pélvicos (EMG).
Em alguns casos, o exame pode ser complementado com estudo por raios-x, fluorosocopia, conhecido nesse caso por “estudo vídeo-urodinâmico.
A prevalência dos sintomas relacionados à incontinência e bexiga hiperativa em mulheres (68,1%), segundo a pesquisa Brasil LUTS, e o aumento da próstata, doença que acomete o sexo masculino, são algumas das situações em que a avaliação urodinâmica é recomendada. De acordo com o urologista, o estudo urodinâmico pode ser feito em homens e mulheres.
A pesquisa aponta ainda que os problemas têm interferência na vida social do paciente, afetando significativamente a qualidade de vidas das pessoas e, podendo evoluir, para quadro de problemas psicológicos. De acordo com a sondagem, quase metade dos 5.184 entrevistados, entre homens e mulheres, afirmou que se sentiria ‘descontente’, ‘ruim’ ou ‘péssimo’ se permanecesse com os sintomas urinários pelo resto da vida.
“Interrupções de atividades físicas ou cotidianas, mudança de comportamento na intimidade com o parceiro sexual e queda de autoestima são alguns dos impactos negativos”, afirma o urologista Giuseppe Figliuolo. Além disso, pode interferir, segundo ele, no hábito saudável de tomar líquido durante o dia e passar a limitar a circulação da pessoa a locais onde tem banheiros. Para as mulheres, carregar uma peça íntima extra pode se tornar um hábito.
“A falta de um tratamento inteligente pode representar repercussões no trato urinário irreversíveis como diálise peritoneal, hemodiálise, infecções urinárias simples ou complicadas e até mesmo a própria vida em todos os seus aspectos psicológicos, sociais e existenciais”, completou.