Temos inúmeras provas de que o Brasil ainda não chegou ao seu pico máximo de mortes por causa do coronavírus. Também temos provas de ser o Brasil um país especialmente amado por Deus. Território imenso, solo fértil, riquezas sem conta, variedade do mundo animal, qualidades humanas extraordinárias…Se nada faltou a esse país-continente, por que tanta desarmonia entre o povo brasileiro?

Não quero ser injusto, mas a mim parece que os políticos são os grandes responsáveis por toda essa crise que estamos vivendo. Em primeiro lugar porque eles quase nunca falam a verdade ao povo, e, em segundo lugar, porque eles sempre usam os bens públicos em benefícios próprios. Assim, o não entendimento do que significa república está levando o povo brasileiro a conflitos nunca vistos em sua recente história.

Afinal, para onde o Brasil caminha? Será que existe saída? Se existe, qual é, então, a saída? Mas uma vez não quero ser injusto, mas penso que tudo depende dos políticos. São eles que possuem o poder de direcionar o destino da nação. Somente eles poderão tiram o país dessa crise. Não adianta ser crítico, nesse momento, o nosso papel, o papel do cidadão, é mais do que modesto, ele se resume apenas em “acatar” as decisões políticas.

Acatar as decisões políticas não significa concordar com elas, muito menos com seus autores, mas é uma forma do cidadão continuar vivendo. É preciso união de todos, principalmente dos políticos, para que o país supere essa grave crise que estamos vivendo. Somente a partir do esforço de superação da divisão política que existe no país, é que vamos sair dessa crise. Em contrapartida, é preciso separar religião de política, público de privado…

Dessa forma, cabe ao cidadão reconhecer o político corajoso, aquele que pensa no bem comum, pensa na nação, e não apenas nos interesses pessoais, nos amigos dos amigos, nos familiares. Assim, na hora do voto, é preciso saber qual político possui projeto de Estado e não apenas projeto de poder, projeto de governo. Portanto, é preciso escolher líderes corajosos e não políticos covardes. Políticos que assumem o seu papel, a sua função, nas horas boas e nas horas difíceis; que governem para todos e não apenas para os seus eleitores.

No momento em que a palavra de ordem é medo, eu digo, é preciso ter coragem. No momento em que os políticos falam mais em religião, eu digo, é preciso ser mais humano. No momento em que os políticos estão mais preocupados mais com a economia, eu digo, é preciso estar vivo para dizer que o trabalho não é tudo. No momento em que os políticos estão pensando mais nos bancos, nas grandes empresas, eu digo, cobre impostos das grandes fortunas e assim vocês salvarão os pequenos comerciantes e milhares de empregos por esse país afora.

E o que é preciso para fazer tudo isso? Coragem. Basta ter coragem. E o que vem a ser coragem? Segundo o dicionário de Psicologia, coragem é a ausência do medo. É a predisposição em buscar saídas para crises e situações de estagnação e procrastinação. Assim, o que define uma pessoa corajosa é a capacidade que ela possui de encarar o próprio medo. Sobre isso Nietzsche disse que: “Quando você olha muito um abismo, ele olha de volta para você”.

Por que no Brasil temos tantos políticos medrosos, covardes? Por que no Brasil os políticos metem tanto? Por que no Brasil os políticos se elegem apenas para ganhar dinheiro? Será pela má qualidade da formação do provo brasileiro? Sei que coragem, ética e esperança são os pilares da formação do caráter de um homem, e da construção de uma sociedade mais humana, justa e igualitária para todos. Por fim, é isso que queremos, e é disso que precisamos; só assim o Brasil vai continuar sendo um país especialmente amado e abençoado por Deus.

Luís Lemos

Filósofo, professor universitário e palestrante. Autor dos livros: O primeiro olhar – A filosofia em contos amazônicos (2011), O homem religioso – A jornada do ser humano em busca de Deus (2016); Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas: Histórias do Universo Amazônico (2019). E-mail: [email protected]

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