Focada em apurar irregularidades na venda de vacinas ao governo federal, a CPI da Covid-19 ouve, na manhã desta terça-feira (24/8), o empresário Emanuel Catori, um dos sócios da Belcher Farmacêutica.

A empresa foi intermediária do laboratório CanSino na venda da vacina chinesa Convidencia, tendo negociado com o Ministério da Saúde o montante de 60 milhões de doses do imunizante pelo valor total de R$ 5 bilhões.

A convocação do empresário mira a atuação do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), quando o parlamentar ocupava a chefia da pasta. Isso porque Barros é amigo de outros membros do quadro societário da empresa, como Francisco Feio Ribeiro Filho e Daniel Moleirinho Feio Ribeiro Filho.

Outro ponto que colocou a empresa na mira dos senadores é a localização da sede da farmacêutica, que fica em Maringá (PR) – colégio eleitoral do líder do governo. Barros, que já é investigado por supostas ilicitudes no processo que envolve a venda da Covaxin, reafirmou, em depoimento ao colegiado, que é amigo dos sócios da Belcher.

Com Hang e Wizard

Além disso, Catori apareceu em transmissões nas redes sociais ao lado dos também empresários Luciano Hang e Carlos Wizard, que já depôs à CPI.

A dupla atuou junto ao governo federal para destravar e fazer andar o projeto de lei que previa a compra de vacinas contra o novo coronavírus pelo setor privado, desde que metade do montante adquirido fosse doado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Aprovada na Câmara dos Deputados, a matéria não deve ir ao plenário do Senado Federal por discordância dos senadores com o teor da matéria.

O grau de envolvimento da empresa com atores políticos alinhados ao governo federal, incluindo o ex-ministro da Saúde, levantou suspeitas dos senadores. Os membros da comissão querem entender se houve, ao longo das tratativas, um possível favorecimento à farmacêutica dentro da pasta. Barros nega que tenha participado das negociações entre o governo federal e a empresa.

O requerimento de convocação do representante da Belcher é de autoria do vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Ele defende que o depoimento do empresário servirá para “esclarecer os detalhes das negociações para a venda da vacina chinesa Convidencia”.

Na última sexta-feira (20/8), a defesa de Emanuel Catori ingressou no Supremo Tribunal (STF) com um pedido para que seu cliente possa manter o silêncio diante da CPI. Até o fechamento desta matéria, ainda não havia uma decisão do Supremo.

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