Por Gerlean Brasil (Parintins) – O garçom Davi Andrade viu de perto o muro de contenção e a terra cederem nas proximidades da Praça Cristo Redentor, no início da tarde deste domingo, 19 de dezembro. O Restaurante da Vânia estava lotado e os clientes saíram em correria das mesas no momento do desabamento de mais de 20 metros da orla de Parintins com construção de mais de 40 anos. A área está interditada por tempo indeterminado, devido aos riscos.

Ninguém se feriu gravemente, apesar de ficarem na beira do precipício formado pela queda da encosta. “A gente atendia bem na orla mesmo quando uma mulher gritou: olha! Todo mundo almoçava ninguém tinha visto e eu falei que estava caindo. Pessoal veio todo atrás de mim. Desceu primeiro o muro de arrimo e depois a terra. Foi questão de segundos. Graças a Deus ninguém caiu pra lá, porque tinha muita gente na beira”, lembra o garçom. 

A proprietária do restaurante que funcionava no local, Vânia Bentes, agradeceu a Deus pelo livramento de vidas e de danos materiais. “Foi um desespero total, eu estava na cozinha fazendo reposição de comida. Deu muita gente. Atendemos de 400 a 500 pessoas. O restaurante estava completamente lotado, não tinha nenhuma mesa desocupada. Eu ouvia os gritos e pediu pro pessoal ter calma, para não machucar ninguém, porque caiam por cima das outras pessoas. Foi muito desesperador, porque levavam mesas e cadeiras pela frente. Eu gritava pra pedir calma e ninguém morrer pisado. Estou com as pernas tremendo e tenho que ser forte”, confessa. 

Um homem saiu um pouco machucado por ter sido pisoteado no momento do desespero no ambiente. Vânia Bentes trabalhou durante toda a tarde de domingo na remoção dos materiais para o novo restaurante localizado na Rua Rio Branco. O subsecretário de obras, Lázaro Ferreira, informou que a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal dão suporte de segurança na da área de risco. “A avaliação técnica dos impactos será foco de estudo da equipe de engenharia da Secretaria de Obras”, destaca. 

Proprietária do Restaurante da Vânia fala dos momentos de desespero

Sem danos materiais nos prédios, muito menos em pessoas, o local ficará isolamento, sob monitoramento das autoridades municipais e estaduais de proteção. O professor do curso de geografia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Dr. Camilo Ramos, aponta que a ocorrência se deu em virtude da grande concentração de chuvas recentemente acumuladas no “pacote sedimentar”. “Com a pressão que exerce, provoca o deslocamento do muro bastante antigo e que tem a base, a fundação, suspensa. Não tendo sustentação, tende a cair. Aqui o solo ainda era natural, porém toda a Rua Caetano Prestes está comprometida e deve ser evitada a trepidação, para conter o avanço da erosão”, indica Camilo Ramos.

Professor do curso de geografia da UEA, Camilo Ramos, avaliou a ocorrência e apontou as causas
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