Uma mulher afirma ter sido vítima de racismo dentro de um ônibus de viagem que fazia o trajeto Porto Alegre/RS – Curitiba/PR, quando o veículo chegava a São José dos Pinhais, na região metropolitana, em direção ao destino final, na rodoviária da capital.

O caso aconteceu nesta terça-feira (1º) e a profissional de saúde Jessica Matos, de 30 anos, registrou boletim de ocorrência na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na capital paranaense, poucas horas depois.

A vítima contou para a reportagem da Banda B, na manhã desta quarta-feira (2), que, voltava para casa, na capital. Jessica viajou sozinha sem passageiro ao lado até Torres. Na cidade do litoral gaúcho, o passageiro da poltrona ao lado assumiu o assento e ele mesmo avisou que não iria usar a máscara.

Segundo a mulher, o homem vestiu a máscara apenas enquanto o motorista dava orientações sobre a viagem e, inclusive, sobre a obrigatoriedade do uso do acessório sobre o nariz e a boca dentro do transporte coletivo, como medida de segurança para evitar o contágio por Covid-19.

“Quando o motorista virava as costas, ele tirava, e assim foi durante todo o percurso da viagem. Pedi educadamente: ‘Senhor, por gentileza, coloque a máscara. Estou sentada ao lado do senhor, do outro lado tem mãe com criança. E aqui tem que colocar a máscara. E ele começou com ignorância”, relatou.

Em determinado momento, o homem tossiu e foi repreendido novamente. “Sou profissional da área da saúde, entendo perfeitamente como ocorre o contágio. Ele ignorou, disse que não iria direcionar a palavra a mim e que era para eu calar a boca, que não iria usar a máscara. Ele deixava a máscara no queixo e dizia que dentro do ônibus não precisava.”

Quando o ônibus estava quase chegando no Paraná, alguns passageiros desceram e Jessica conseguiu trocar de poltrona. Antes de desembarcar em São José dos Pinhais, na última parada antes da rodoviária de Curitiba, o homem se dirigiu até a poltrona que Jessica ocupava, a abordou, entregou um bilhete e desceu do veículo.

“Quando ele estava desembarcando, eu estava dormindo. Ele tocou no meu ombro e disse: ‘Oh, moça!’. E me entregou o bilhete. Na hora, eu não entendi direito. Demorei ainda pra ler. E, quando olhei pra trás, ele desceu rindo de mim”, – revelou.

O pedaço de papel, escrito a caneta dos dois lados, trazia na frente os dizeres:

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