No dia 5 de fevereiro de 2022, a jornalista e bacharel em direito, Melina Seixas Taveira, de 38 anos, morreu após 4 paradas cardiorrespiratórias, por conta do procedimento para colocação de balão gástrico.

Ela procurou a clínica Endograstro de Manaus, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, para o procedimento. O responsável pela cirurgia foi o médico de 65 anos, Edson Ritta Honorato, que de acordo com a família de Melina, não pediu exames de risco cirúrgico e não ofereceu o suporte necessário para uma cirurgia segura.

De acordo com o depoimento do marido da vítima, Darlan Taveira Peres, que acompanhou Melina no procedimento, as informações dadas pelo médico ou pela equipe médica foram poucas e desencontradas. “Disseram que o procedimento era algo simples, e que em 30 minutos ela estaria apta para voltar para casa”, afirma Darlan.

Segundo Taveira, ao perceber que o procedimento demorava mais do que o informado (o procedimento foi realizado às 9h50), perguntou ao médico como estava a esposa, e o mesmo respondeu que a paciente estava bem e dormindo.  Quase uma hora depois, Darlan viu entrar na clínica socorristas do SAMU, momento em que percebeu que havia algo errado. Quando questionado pelo marido, o médico afirmou que Melina não havia acordado e que havia sofrido uma parada cardiorrespiratória. Darlan conta que Melina foi encontrada dentro da sala de procedimento, no chão, desacordada, com os lábios e rosto roxos, sem nenhum tipo de equipamento de emergência para reanimá-la. Depois disso, as informações que chegaram à família foram somente através da equipe do SAMU.

Desacordada, Melina teve que ser removida da clínica de cadeira de rodas, pois a maca não entrava no elevador do prédio. Ela foi levada para o Hospital Pronto Socorro 28 de Agosto e lá, sofreu outras paradas cardíacas. Enquanto a equipe do hospital alertava que a situação de Melina era muito grave, o médico responsável pelo procedimento, por outro lado, afirmava que ela estava estável.

Infelizmente Melina veio a falecer no mesmo dia, por volta das 16h10. Após o falecimento o médico não entrou mais em contato com a família até o presente momento.

Já no dia 6 abril faleceu também Alan Leite Braga de 65 anos, após passar pelo mesmo procedimento de Melina. Segundo a família de Alan, o idoso teve uma série de complicações após a cirurgia e não recebeu orientações adequadas do médico Edson Ritta.

Alan teria voltado à clínica dias depois pedindo a remoção do balão, mas o médico teria se recusado a tirar. Após uma piora no quadro de saúde, Alan foi levado ao 28 de Agosto onde foi contatada uma insuficiência renal e um rompimento no estômago. Ainda segundo a família, o médico não solicitou exames necessários antes do procedimento. As denúncias das duas mortes foram feitas no 22° distrito integrado de polícia. 

Além disso, o Edson Ritta também foi preso em flagrante no dia 5 de abril, suspeito de favorecimento à prostituição praticado contra uma adolescente de 16 anos e exploração de trabalho infantil. Apesar disso, Ritta foi solto pela justiça no dia seguinte à prisão e continua atuando na sua clínica.

Até o momento, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas não se posicionou sobre o caso.

Sobre Melina

Entre os trabalhos na área da comunicação, Melina atuou como jornalista no programa Viva Amazônia, do Amazon Sat, como assessora de comunicação na Federação do Comércio do Estado do Amazonas, e na assessoria de comunicação da Defensoria Pública do Amazonas.

Nos últimos anos, a jornalista se dedicou como voluntária aos trabalhos de comunicação e assistência social no município de Barreirinha, onde seu irmão, Glênio Seixas, é o atual prefeito (está no segundo mandato). Em Barreirinha, Melina se engajou no planejamento e orientação de projetos de cunho social, a exemplo do Projeto Prato Cheio, um restaurante popular que fornece alimentação às famílias de baixa renda, ao custo de R$ 1,00, O restaurante leva o nome da jornalista em homenagem ao seu legado no município.

O pai de Melina, Gilvan Seixas, é Defensor Público aposentado e foi prefeito de Barreirinha por três mandatos.

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