Girafas BioParqueDivulgação/PF

Rio de Janeiro- Um documento elaborado pela perícia da Polícia Federal (PF) e enviado à Justiça, pede que as 15 girafas do Bioparque sejam encaminhadas para santuários na África. Os animais que foram importados em dezembro de 2021 para o Rio, estão em cativeiros e com sinais de maus-tratos. Das 18 girafas inicialmente trazidas ao país, três morreram.

“A Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DELEMAPH/RJ) buscou de todas as formas, mas não existe local para a adequada alocação dos animais aqui no Brasil, porém existem santuários com vastas áreas em pleno funcionamento em diversas regiões da África”, diz o documento que o Metrópoles teve acesso.

De acordo com outro trecho do texto, organizações internacionais com grande experiência de repatriação e transporte de grandes animais selvagens já se colocaram à disposição para devolver as girafas para reservas protegidas no continente africano.

A PF comprovou que as girafas alocadas no resort Portobello, resort safari, em Mangaratiba, no litoral sul do Rio de Janeiro, tem sinais de maus-tratos físicos e psicológicos desde que chegaram ao Brasil. Em janeiro a PF fez uma operação no local e prendeu três cuidadores.

“Não há nada que justifique a maneira como os animais vinham sendo mantidos e criados naquele local. Ademais, as mudanças implementadas, nos mais três meses que decorreram entre a primeira e a terceira visita da signatária ao local, não mostram obediência às normas e conhecimentos técnicos de criação de girafas. Haja vista, como exemplos, o bebedouro instalado em local no qual os animais não possuem espaços para se abaixar e o abrigo de intempéries, onde não há espaço para que os animais protejam todo o corpo da chuva ou do sol, caso sintam necessidade. Dessa maneira, as alterações realizadas no local continuam demonstrando desalinho com as normas técnicas e com os conhecimentos estabelecidos”, diz um trecho do documento.

Os animais foram retirados de vida livre para serem comercializados e a compra deles, em quantidade, são mais baratos e mais fáceis de agrupar, o que diminui o valor do frete. A investigação mostra que existem ilegalidades na importação e que o exportador tem um largo histórico de exploração e crueldade com animais em todo o mundo.

“Todos os envolvidos tinham plena ciência da situação, tinham plena ciência que trariam os animais para o Brasil sob um falso argumento de conservação e que os animais ficariam sob maus-tratos, tendo seu bem-estar violado de forma intencional. A morte das três girafas e o atual aprisionamento das ainda 15 girafas sobreviventes é consequência direta do despreparo premeditado com fim absolutamente comercial”, aponta outro trecho do documento da Polícia Federal.

Devido às irregularidades e ilegalidades durante o processo, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal ajuizou na quarta-feira (13/7) uma nova ação, dessa vez anulatória.

O pedido à Justiça é que todo o processo de importação seja anulado, que o BioParque seja impedido de comercialização e exploração das girafas e que eles percam o direito sobre os animais, para que sejam encaminhadas a um santuário.

Além disso, o Fórum pede a condenação do BioParque, com uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais coletivos. O dinheiro será encaminhado para um fundo de preservação ao Meio Ambiente.

Ao Metrópoles, o BioParque afirmou que ainda não foi notificado sobre o documento entregue à Polícia Civil e destacou que os “animais estão sob os cuidados de uma equipe técnica especializada, com ampla experiência, dedicadas ao grupo de girafas“.

Veja íntegra da nota:

O BioParque do Rio informa que a manifestação da perícia criminal contraria os laudos técnicos periciais elaborados pelo perito judicial e pelo Inea e as conclusões das inúmeras diligências realizadas pelas autoridades no local, todas atestando o bem-estar das girafas. Os animais estão sob os cuidados de uma equipe técnica especializada, com ampla experiência, dedicadas ao grupo de girafas.

A empresa, através de laudos de especialistas independentes, irá apontar as fragilidades dessa manifestação e tomar as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis.

Até esse momento, o Bioparque do Rio não foi notificado quanto a abertura dessa ação citada na reportagem e não tem conhecimento do teor. No entanto, está à disposição dos órgãos competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários.

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