O Ministério Público do Paraná denunciou, nesta quarta-feira (20/7), o policial penal federal Jorge Guaranho pelo homicídio do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, que ocorreu no último dia 9 de julho. Um dos agravantes apontados pelos promotores foi o “motivo fútil” para o homicídio, “havendo a querela sido desencadeada por preferência política-partidária”. Outra qualificação apontada pelos autores da denúncia foi a possibilidade de a ação “resultar em perigo comum”, ou coletivo.
O promotor Tiago Lisboa Mendonça explicou que a denúncia foi oferecida faltando ainda cinco laudos da perícia, incluindo o do celular do atirador. Para ele, os laudos serão importantes, mas “não são imprescindíveis ao oferecimento da denúncia”, que poderá ser editada em caso de fatos novos.
O caso
O guarda municipal de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda, candidato a vice-prefeito pelo PT nas últimas eleições, foi assassinado a tiros durante sua festa de aniversário de 50 anos, na noite de 9 de julho. A festa tinha como tema o PT e fazia várias referências ao ex-presidente e pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
O evento seguia normalmente quando, por volta das 23h, Jorge Guaranho, que se declara apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi ao local e discutiu com os participantes. Ele levava no carro a esposa e a filha, um bebê de colo. Após a primeira briga, na qual teve terra atirada contra seu veículo, Guaranho saiu, mas afirmando que voltaria. Minutos depois, retornou sozinho e armado e atirou em Marcelo, que revidou.
Os promotores relataram nesta quarta-feira que a discussão política esteve presente em todos os momentos do embate entre os dois.
Uma vigilante que estava no clube onde o tesoureiro do PT e guarda municipal foi morto confirmou em depoimento que ouviu a frase “Aqui é Bolsonaro, porra!” vinda do policial penal federal. Ele teria proferido as palavras antes de atirar contra Marcelo.
A Polícia Civil do Paraná concluiu, no último dia 15 de julho, que o assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT não poderia ser enquadrado, juridicamente, como crime de motivação política. A decisão foi alvo de críticas, e o MP pediu mais diligências antes de se pronunciar, o que ocorre nesta quarta-feira (20/7).
Torpe ou fútil?
A denúncia do MP discordou da conclusão da Polícia Civil em um ponto importante, a qualificação da motivação. Para a polícia, foi um crime por “motivo torpe”. Para os promotores, foi “motivo fútil”. Entendemos que o motivo torpe precisa ter alguma vantagem econômica para o autor, o que não ocorreu”, disse o promotor Tiago Mendonça. “Entendemos que o motivo foi fútil, por ser flagrantemente desproporcional à reação do agressor”, completou ele.
Os promotores também disseram que não puderam enquadrar o crime como “político” porque essa tipificação não existe no sistema legal brasileiro. Lembraram, porém, que a motivação foi o ódio político.
Mais uma morte no caso
No último domingo (17/7), o vigilante Claudinei Coco Esquarcini, um dos diretores da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf), onde ocorreu o assassinato do petista, foi encontrado morto em Medianeira (PR).
Claudinei seria o responsável pelo fornecimento de senhas das câmeras de segurança na Aresf. Jorge José Guaranho viu imagens do aniversário da vítima, antes de ir ao local e matar o guarda municipal e tesoureiro do PT. Guaranho estava em um churrasco em outro clube quando assistiu às cenas da festa de Arruda.