Sabemos ser amigos? Neste dia 30 de julho, Dia Internacional da Amizade, é um bom momento para refletirmos sobre a virtude da Fraternidade.
A professora voluntária de Nova Acrópole, Lúcia Helena Galvão Maya, explica que a verdadeira amizade, é sempre um fator de soma, em qualquer época e contexto da história porque se trata de uma necessidade da alma humana que caminha de acordo com as leis do universo.
Ela lembra que a etimologia da palavra universo – em torno do uno –, reflete o conceito de amizade como um valor humano regido pelas leis do Universo. “A amizade é a união de duas almas que superam o egoísmo e passam a enxergar o mundo a partir de um novo patamar, sem prevalência de interesses, ou seja, uma forma de recuperar a unidade na multiplicidade”, explica.
Sobre a data
A ideia para a criação desta data foi do médico paraguaio Ramón Artemio Bracho, que fundou a Cruzada Mundial da Amizade, um programa que promovia a boa convivência entre os diversos povos. Todo dia 30 de julho o médico conclamava paraguaios a reunirem-se para realizar diversas atividades sociais e culturais, com o propósito de oferecer ajuda mútua, fortalecendo assim os valores da amizade.
A importância do Dia Internacional da Amizade foi estabelecida a partir do entendimento do valor nobre que esta cumpre vida dos seres humanos, capaz de inspirar a criação de pontes entre comunidades, além de auxiliar nos esforços da comunidade internacional, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, para a promoção do diálogo entre as civilizações, da solidariedade, da compreensão mútua e da reconciliação.
A data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011 com o propósito de promover a cultura da paz entre os povos, celebrando a diversidade cultural e o respeito mútuo.
Estes preceitos são os mesmos trabalhados por grandes pensadores e filósofos de todo o mundo, de várias épocas que mostram como a amizade está diretamente relacionada à virtude do Bem, diferentemente do que se tornou comum nos dias atuais: associar amigo à ideia de utilitarismo, baseada, unicamente, em interesses comuns.
O que diz a Filosofia?
Sócrates (470-399 a.C.), definiu essa relação com o bem: “A amizade vence todos os obstáculos para unir os corações virtuosos”. Na mesma linha, o filósofo Marco Túlio Cicero (107 – 43 a.C.) apontou a virtude como a base fundamental da amizade, uma vez ela sustenta, estrutura e mantém a união, mesmo nos momentos difíceis, pois está calcada no que é puro e verdadeiro e não passageiro.
“A amizade nos foi dada pela natureza como auxiliar das nossas virtudes, e não como cúmplice dos nossos vícios, para que a virtude de um, não podendo alcançar sozinha o supremo bem, o alcance apoiada na virtude do outro”, afirmava o filósofo romano.
Da mesma forma, Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) definiu o caráter desinteressado e sublime da amizade ao responder a pergunta “para quê ter um amigo?”: “Para ter alguém por quem possa morrer, alguém que possa acompanhar ao exílio, alguém por quem me arrisque e me ofereça até à morte”.
E sobre o tema da Amizade, Aristóteles (384 a 322 a.C) escreveu em “Ética a Nicômaco”: “A perfeita Amizade é a que subsiste entre aqueles que são bons (virtuosos) e cuja similaridade consiste na bondade, pois esses desejam o bem do outro de maneira semelhante, na medida em que são bons. E são especialmente amigos aqueles que desejam o bem sem qualquer outro interesse, porque assim se sentem em relação a eles e não por uma mera questão de circunstâncias. De modo que a Amizade entre esses homens permanece enquanto eles são bons e a bondade traz em si um princípio de permanência”.
SERVIÇO
Para aprofundar:
Sêneca sobre a Amizade – Comentário sobre o livro As Relações Humanas – Lúcia Helena Galvão: https://www.youtube.com/watch?v=KJAtJKqV4Tk
Amizade segundo Khalil Gibran – Série “O Profeta” – Lúcia Helena Galvão: https://youtu.be/VwVkEC2lYJE
A Verdadeira Amizade segundo Platão, Cícero e Plutarco: https://www.youtube.com/watch?v=8aXnpalOPh4