São Paulo – A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito é lida na manhã desta quinta-feira (11/8) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na capital de São Paulo. Intelectuais, economistas, empresários e sindicalistas defendem democracia e eleições no ato.
O documento começou receber apoio em 26 de julho e conta com 925 mil assinaturas. Entre os signatários estão políticos, entidades sindicais, empresários, professores, artistas e demais cidadãos.
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A iniciativa de juristas surgiu após diversos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro e às urnas eletrônicas.
“Precisamos defender a democracia que conhecemos e aprimorar seus mecanismos. Só se sente falta de algo e alguém quem já perdeu algo e alguém. Nós não queremos sentir saudade da nossa democracia. E por isso não podemos sequer flertar com a sua ausência”, disse Patrícia Vanzolini, presidente da OAB-SP.
O evento foi aberto pelo professor Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reitor da USP, que destacou as perdas sofridas pela universidade durante o período de repressão.
“Nós, da USP, perdemos vidas preciosas durante um período de exceção, as cicatrizes ainda são visíveis, vidas que foram ceifadas pela repressão ou livre pensamento. Nesse período, perdemos 47 pessoas que eram parte de nossa comunidade, nós não esquecemos e não esqueceremos. Aqueles que rejeitam e agridem a democracia não protegem o saber, a ciência, o pensamento e não amam a universidade”.
“Não podemos admitir que um presidente da República não respeite a Constituição que ele jurou respeitar”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical. “Não é um ato simbólico, é um ato concreto em defesa da democracia”, continuou o sindicalista.
O advogado José Carlos Dias, que foi Ministro da Justiça durante o governo Fernando Henrique Cardoso, participou do ato.”Hoje é um outro momento grandioso, eu diria que inédito porque o capital e trabalho se juntam em defesa da democracia.”
Enquanto ocorria a manifestação no Salão Nobre da Faculdade de Direito, do lado de fora no Largo São Francisco manifestantes gritavam e cantavam. Um dos gritos de ordem entoados era “Fora Bolsonaro”.
Participantes
Entre os presentes, estão Fernando Haddad, Márcio França, Joice Hasselmann, além de juristas, representantes de instituições que assinaram a carta e os signatários da Carta aos Brasileiros de 1977, documento contra a Ditadura Militar e que pedia uma Assembleia Nacional Constituinte.
Armínio Fraga, do IEPS, Oscar Vilhena Vieira, advogado e membro da Comissão Arns e do Comitê do Manifesto, Telma Aparecida, da CUT, e Maria Alice Setubal, da Fundação Tide Setubal, foram alguns dos que também já discursaram no evento.
A leitura da carta é transmitida por telões instalados no Largo São Francisco, localizado em frente à faculdade, e pelo canal da instituição no YouTube.
Atos por todo país
Às 11h30 a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito será lida novamente em ato público no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. Em 11 de agosto de 1977, nos mesmo locais, também ocorreu o ato de leitura da Carta aos Brasileiros.
Em São Paulo, também foram convocadas manifestações em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), na Avenida Paulista, e em cidades do interior, como Campinas, Ribeirão Preto e Santos.
Em Brasília, às 15h, está previsto um ato em frente ao Congresso Nacional. O manifesto também deve ser lido em universidade do Rio de Janeiro. Além disso, haverá uma manifestação na Candelária, às 16h.
Artistas
Nessa quarta-feira (10/8), artistas como Fernanda Montenegro, Marisa Monte, Anitta, Juliette, Seu Jorge, Caetano Veloso, Wagner Moura e Gal Costa divulgaram um vídeo recitando a carta.
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