Eleito no mês de novembro para representar o 3º distrito de Nova York, George Santos, que é filho de brasileiros, foi réu em um processo criminal no Tribunal do Rio de Janeiro, revelou o jornal americano The New York Times em investigação publicada na segunda-feira 19. O republicano também foi denunciado pelo Times por mentir sobre seu currículo.

Santos nasceu nos Estados Unidos, mas é filho de uma mineira e um santista que emigraram do Brasil. Segundo a Justiça do Rio, em 2008, ele teria utilizado um talão de cheques de um dos pacientes de sua mãe, que na época era enfermeira em Niterói, falsificado sua assinatura.

Com o cheque falsificado, o primeiro republicano abertamente gay a disputar as eleições de meio mandato dos Estados Unidos teria realizado compras fraudulentas, incluindo um par de sapatos. Dois anos depois, o congressista confessou o crime, no entanto, como ele não foi localizado para citação do processo, a ação foi suspensa. 

O crime ocorreu na mesma época em que Santos disse em seu currículo que cursava economia e finanças na faculdade de Baruch, em Nova York. No entanto, a instituição afirmou que não foi possível encontrar nenhum registro que confirmasse sua graduação.

Além disso, segundo o site do Comitê Nacional Republicano do Congresso, considerado o braço da campanha republicana, o deputado eleito também tinha estudado na Universidade de Nova York. Ao ser questionada, a instituição não encontrou nenhum registro de comparecimento. 

Em seu currículo, Santos também afirmou ter trabalhado na Citigroup como “um gerente associado de ativos” e no banco Goldman Sachs, duas firmas de destaque de Wall Street. Entretanto, ambas empresas não têm registros do republicano como funcionário.

As mentiras continuam. Em 2013, o congressista fundou a Friends of Pets, uma instituição de caridade isenta de impostos e voltada para resgate de animais. Porém, a Receita Federal não conseguiu localizar nenhuma organização com este nome.

Em 2017, a Friends of Pets realizou um evento para arrecadar fundos; o convite prometia bebida, doações de rifas e banda ao vivo, vendendo entradas por US$ 50 por pessoa. Só que a beneficiária do evento afirmou que Santos nunca repassou o dinheiro, dando diversas justificativas infundadas.

Apesar de seus formulários de divulgação financeira sugerirem uma vida de riqueza, já que ele investiu US$ 700 mil em sua própria campanha e fez doações de milhares de dólares para outros candidatos nos últimos dois anos, Santos enfrentava dificuldades financeiras no período em que fez o evento de caridade. Em 2015, o proprietário do apartamento que ele alugava no bairro do Queens entrou com uma ação de despejo contra ele no tribunal regional, acusando-o de não ter pago US$ 2 mil em aluguel. 

Atualmente, Santos declarou um salário de US$ 750 mil por ano, e mais um milhão em dividendos de sua empresa, a Devolder Organization. Entretanto, o negócio de família “não tem site público ou página no LinkedIn”. Em um site de campanha, o congressista afirmou que a empresa administrava US$ 80 milhões em ativos. 

Em uma divulgação financeira no Congresso, ele afirmou que a empresa trabalha com consultoria de introdução de capital – que serve como um elo entre fundos de investimentos e investidores. No entanto, não há dados sobre clientes atendido. A emissora americana CNN encontrou informações sobre o negócio, que foi registrado na Flórida em 2021, mas hoje é considerado “inativo” pelo estado.

A reportagem afirmou que ele era responsável por 13 imóveis no setor imobiliário, mas nenhum registro além de um apartamento no Rio de Janeiro foi encontrado. O Times afirmou que “omissões materiais ou declarações falsas sobre divulgações financeiras” são crimes federais, de acordo com a Lei de Declarações Falsas. 

A pena máxima pelas irregularidades é de uma multa de US$ 250 mil e cinco anos de prisão. Porém, existem diversas barreiras para estes casos, já que o estatuto exige que as violações sejam intencionais. A Câmara dos Deputados também possui mecanismos internos para apuração de infrações éticas, que podem ser aplicadas por meio de sanções civis ou administrativas. 

O americano não respondeu a nenhuma das tentativas de contato dos veículos de mídia e não forneceu os documentos com datas que ajudariam na investigação do caso. Além disso, ele e seu advogado, Joe Murray, da Big Dog Strategies – um grupo de consultoria política que lida com gerenciamento de crises –, não concordaram em dar uma entrevista ao Times.

“Não é surpresa que o congressista eleito Santos tenha inimigos no The New York Times que estão tentando manchar seu bom nome com essas acusações difamatórias”, afirmou Murray em comunicado.

Com Veja.

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