Presidente Lula posa para foto oficial com seus ministros no domingo (1º) - Eduardo Anizelli/Folhapress

Ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomaram posse nesta segunda-feira (2) e, fizeram em seus discursos duras críticas à herança deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No total, 16 ministros realizaram solenidades de transmissão de cargo nesta segunda. Os demais devem organizar cerimônias nos próximos dias. “Caos”, “paralisia” e “desmonte” foram algumas das expressões usadas por parte dos novos ministros para se referir à gestão bolsonarista.

Logo pela manhã, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou não haver um diagnóstico certo de obras paradas no Brasil. Ele disse que isso reflete o caos deixado pelo governo Bolsonaro e que pretende tirar o país da “paralisia”.

“As prioridades iniciais, evidente, serão de retomada do Brasil, sair deste momento de paralisia completa. Nem mesmo sabemos quantas obras no Brasil estão paralisadas. Cada um vem com um número, nem os ministérios [conseguem] contabilizar quantas obras temos paralisadas hoje. Isso é demonstração do caos que estamos recebendo”, afirmou.

Alexandre Padilha (PT), que assumiu a Secretaria de Relações Institucionais, foi na mesma linha. Ele se referiu a Bolsonaro como o “presidente que fugiu” —o ex-mandatário se recusou a passar a faixa presidencial para Lula e passou a virada do ano nos Estados Unidos.

Padilha afirmou ainda que sua pasta terá a missão de “reabilitar o respeito institucional do país que foi desmontado” por Bolsonaro e disse que, no Palácio do Planalto, funcionava uma “máquina de fabricar guerras e conflitos todos os dias”.

Flávio Dino (PSB), novo ministro da Justiça, fez um discurso com vários recados a bolsonaristas e manifestantes que atuam em atos antidemocráticos. Desde a derrota eleitoral de Bolsonaro para Lula, apoiadores do ex-presidente se concentraram em frente a quartéis para pedir um golpe militar.

Dino citou em seu pronunciamento os atos antidemocráticos de bolsonaristas, defendeu ponderação na atuação, mas sem “fechar os olhos em relação ao que aconteceu”.

Nesse momento, o ministro da Justiça afirmou que atos terroristas e crimes contra o Estado democrático de Direito são “crimes políticos gravíssimos”.

Responsável pelo diálogo com movimentos sociais, o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo (PT), criticou a falta de participação popular no governo Bolsonaro e afirmou que seu principal objetivo é “colocar a impressão digital do povo nas políticas públicas do governo”.

Macêdo declarou que a gestão de Bolsonaro “destruiu conselhos e acabou com as conferências” e que “chegou a hora de deixar para trás o passado recente de ódio e intolerância que não faz bem a nenhuma democracia”.

“Nosso primeiro grande desafio será recuperar os instrumentos e espaços públicos de participação popular no nosso governo. O último governo fechou a porta do palácio para o povo”, disse.

Entre os ministros mais políticos, quem destoou e não usou a transmissão de cargo para criticar a gestão Bolsonaro foi José Múcio Monteiro (Defesa).

Ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Múcio foi escolhido por Lula para, entre outros pontos, reduzir a resistência ao PT no meio militar, contornar o risco de insubordinação dos comandantes escolhidos por Bolsonaro e desarmar a situação nos acampamentos antidemocráticos.

Ele disse em seu pronunciamento que as Forças Armadas estão a serviço da democracia e evitou comentar assuntos sensíveis aos militares.

Depois, numa entrevista a jornalistas presentes, afirmou que as manifestações antidemocráticas em frente aos quartéis são “da democracia” e devem perder apoio aos poucos, sem repressão.

Com O Globo.

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