A Guararapes, controladora da rede de lojas Riachuelo, registra queda 8% na Bolsa de Valores na tarde desta quarta-feira (11/1). As ações estão negociadas perto do nível de R$ 5,58, e o preço da semana é o menor desde 2016.
A desvalorização da dona da Riachuelo na Bolsa está relacionada ao fechamento da fábrica de Fortaleza (CE), anunciado ontem (10/1). Com a decisão, cerca de 2 mil pessoas serão demitidas, o que representa cerca de 10% da mão de obra da empresa.
De acordo com um comunicado da companhia, a medida enquadra-se no planejamento estratégico da varejista, “com foco em otimizar a operação fabril”. A nota acrescenta que, embora a fábrica tenha sido fechada, as lojas da marca no Ceará permanecerão abertas.
A indústria informou ainda que ofereceu aos profissionais que trabalhavam em Fortaleza a opção de transferência para outra unidade, em Natal, no Rio Grande do Norte, a cerca de 500 quilômetros de distância.
A Riachuelo tem como principal sócio o empresário e ex-deputado federal Flávio Rocha. Ele também é vice-presidente de relações com investidores do Grupo Guararapes.
Ciclo ruim para o varejo
Em relatório, analistas do banco Bradesco BBI lembram que as dificuldades da Riachuelo estão relacionadas ao ciclo negativo para o varejo.
A alta nos juros desacelerou o consumo das famílias, em especial as de classe média e média-baixa, público principal da rede de lojas da Guararapes. Nesse cenário, a demanda de produtos não essenciais, como o vestuário, é menor.
Além disso, o banco lembra que cerca de 40% da geração de caixa do grupo vem da Midway, braço financeiro da Riachuelo. As receitas são geradas principalmente das operações de cartões e do parcelamento com juros.
Há uma preocupação para o setor financeiro em 2023, em razão do aumento da inadimplência. Para operações sem garantia, como é o caso do crédito concedido por varejistas de moda, o volume de atrasos costuma ser ainda maior.
