
Quando o promotor de Manhattan, o democrata Alvin Bragg, conseguiu o sinal verde para que o ex-presidente Donald Trump se tornasse réu criminal, os apoiadores do antigo mandatário se fortaleceram. Aliados do seu maior rival na busca pela candidatura republicana, o governador da Flórida, Ron DeSantis, marcam o momento em que o antigo ocupante da Casa Branca se distanciou do oponente nas pesquisas.
Ninguém ao redor de Trump faz previsões públicas ou privadas se um fenômeno similar ocorrerá após um júri civil determinar na terça que ele foi responsável de abuso sexual e difamação. O incidente teria acontecido nos anos 1990, mas sua acusadora, E. Jean Carroll, pôde processá-lo mesmo após a prescrição após Nova York aprovar uma legislação para que vítimas de abuso pudessem abrir processos pedindo compensações por casos passados.
O preço que Trump foi ordenado a pagar para Carroll foi US$ 5 milhões (R$ 24,9 milhões), em um veredicto do qual ele prometeu recorrer. Mas se haverá algum custo político não está claro, contudo. Fontes afirmam que o republicano ficou furioso com a decisão e questionou várias medidas tomadas pela sua equipe de defesa.
O plano dos trumpistas parece ser atacar agressivamente as alegações de Carroll e vinculá-la aos democratas. Mas não há cenário em que o resultado do julgamento civil tenha sido algo positivo para o futuro do projeto no qual o ex-mandatário está mais focado: a campanha presidencial de 2024. Ele é o favorito para abocanhar a nomeação de seu Partido Republicano.
Trump tem um histórico de décadas de comentários inadequados e misoginistas — e enfrentou uma miríade de acusações de assédio sexual, tantas que provavelmente teriam sido a pá de cal na carreira de vários outros políticos. Mas uma maioria dentro do Partido Republicano praticamente ignorou as acusações contra o ex-presidente celebridade, considerando-as irrelevantes no processo decisório para escolher em quem votarão.
Mas cometários e até alegações são diferentes do veredicto de um júri civil.
O primeiro teste real de sua resposta ao vivo virá nesta quarta-feira, ao vivo e em rede nacional — uma conversa no estilo town hall, com a presença de eleitores que fazem perguntas, realizada pela CNN em New Hampshire. Haverá cerca de 400 pessoas que se identificam como republicanas ou independentes com tendências republicanas.
— Americanos ouviram com seus próprios ouvidos em 2016 Trump se gabar em um agravação sobre assédio sexual e ainda o elegeram — disse David Axelrod, que atuou como conselheiro do ex-presidente Barack Obama (2009-2017). — Dessa vez será diferente, ou seus eleitores simplesmente ignorarão [o veredicto] como mais um exemplo da perseguição do “Estado profundo” politicamente motivado do qual ele diz ser vítima?
Axelrod referia-se à gravação do programa Access Hollywood que veio à tona faltando cerca de um mês para a eleição presidencial de 2016. Nela, o então apresentador do reality show “O Aprendiz” comentava seus métodos de conquista amorosa afirmando e disse ” agarre-as pela vagina” (grab’em by the pussy).










