
O Banco Central deve iniciar o ciclo de corte na taxa básica de juros, a Selic, com 0,25 ponto percentual na decisão do Copom desta quarta – o anúncio será feito a partir das 18h30. Mas a bola está muito dividida com a chance de uma redução maior, de 0,50 ponto percentual, apesar dessa não ser a maior probabilidade.
A taxa está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.
Esse corte inicial maior na taxa básica seria possível pela perda de fôlego da inflação no Brasil e o dólar em queda: o IGP-M, que reajusta contratos de serviços e tem impacto futuro nos preços ao consumidor, está em queda de 7,72% em 12 meses; o IPCA-15 de julho teve leve deflação e a moeda americana tem queda de cerca de 10% do começo do ano para cá.
A favor de uma redução mais cautelosa, há outros fatores: o fato de as expectativas para o IPCA do ano que vem estarem acima da meta de 3%, um mercado de trabalho ainda aquecido no Brasil e a decisão do Federal Reserve de não encerrar completamente o ciclo de aumento dos juros americanos.
– Estamos convencidos que o Banco Central começará o ciclo com um corte parcimonioso de 0,25 ponto, mas desenvolvimentos recentes fazem com que essa decisão seja tomada por pouco – apontam os economistas Cassiana Fernandez e Vinicius Moreiram do JP Morgan, em relatório. – Em uma decisão provavelmente dividida, parece igualmente provável que a maioria decida cortar 0,25 ponto ou 0,50 ponto.
Nesse cenário, o mais provável, diz o JP, é que o BC opte por iniciar com 0,25 ponto, mas deixe “a porta aberta” (ou seja, sinalizar no comunicado) para reduções mais agressivas, de 0,50 ponto, a partir de setembro. Iniciar ciclos de redução da Selic com cortes de juros nessa proporção, lembra o banco, é o movimento mais adotado historicamente pela política monetária brasileira.
Em entrevista à Globonews, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, concordou que o Banco Central teria espaço para fazer um corte maior na taxa básica nesta quarta. Acredita, entretanto, que a ênfase que o BC vem dando nas expectativas para o IPCA de 2024, o cenário externo de juros apertados e o desemprego bastante baixo devem fazer o Copom optar por 0,25.
– O BC tem sido muito rigoroso com o que chama de diferença de expectativas para meta de inflação, e lá na frente o IPCA projetado é de 3,5%. em segundo lugar, o Federal Reserve (banco central dos EUA) e o Banco Central Europeu ainda não interromperam suas altas de juros – apontou. – E por último o mercado de trabalho está aquecido, o desemprego está baixo, e o BC pode considerar que a economia não precisa de tanto estímulo em um momento em que a inflação ainda está um pouco acima da meta.
Com informações de: O Globo







