
As ações ordinárias da Sabesp (SBSP3, com direito a voto) apresentavam quedas no início desta quinta-feira. O movimento ocorre após a aprovação do projeto de lei pela Assembleia Legislativa paulista (Alesp) que autoriza o governo de São Paulo a privatizar a companhia estadual de água e saneamento.
Com a vitória no Legislativo, a expectativa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é tirar a desestatização do papel até meados de 2024.
Por volta de 10h30, Sabesp ON caía 1,64%, negociada a R$ 67,86.
A sessão foi marcada por confronto entre policiais militares e manifestantes contrários à desestatização.
Fundada em 1973, a Sabesp tem um valor de mercado na casa dos R$ 47 bilhões e teve um lucro líquido de R$ 743,7 milhões no segundo trimestre de 2023, uma alta de 76,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com a expectativa pela privatização, os papéis já sobem mais de 20% ao ano. A companhia atende a 366 dos 645 municípios do estado.
Para os analistas da Ativa, as ações devem repercutir a aprovação de forma “moderada”, dado o movimento de precificação que já vinha ocorrendo no papel nos últimos meses. Ainda assim, eles avaliam a passagem pela Alesp como “extremamente relevante” para o processo de privatização, que agora, deve focar suas atenções nas negociações com os municípios atendidos pela empresa.
Questões como o modelo tarifário vigente a partir da privatização, do percentual de ações que o estado colocará a venda e o valuation (avaliação) desses ativos também precisarão ser endereçadas.
“Com os municípios tendo até março para firmar se continuam ou não sendo atendidos pela companhia, continuamos estimando que o fim do processo possa ocorrer até o final do primeiro semestre de 2024”, destacam.
Com a capitalização, o estado pretende aumentar em R$ 10 bilhões os investimentos previstos (de R$ 56 bi para R$ 66 bi) e antecipar em quatro anos — para 2029 — a universalização do saneamento. Além de também reduzir tarifa.
‘Golden share’
O modelo de privatização escolhido foi o follow-on, ou seja, uma oferta pública de novas ações, tendo ainda a inclusão da golden share, espécie de ação de classe especial que dá poder de veto ao governo em decisões estratégicas do conselho de administração da companhia, incluindo mudanças no nome da empresa, sede e objeto social.
Confira os principais pontos do projeto aprovado
- Modelo: follow-on (oferta pública de ações de uma empresa que já está na bolsa de valores);
- “Golden share”: governo terá poder de veto em decisões estratégicas do conselho de administração da companhia. Também poderá barrar mudanças no nome da empresa, sede e objeto social;
- Participação estatal após o processo ficará entre 15% e 30%;
- Novo Fundo: destinado a prover recursos para ações de saneamento básico, inclusive voltadas à modicidade tarifária no setor;
- Tarifa: governo promete redução da conta com foco na população vulnerável;
- Investimento: governo quer investir R$ 66 bilhões, R$ 10 bilhões a mais do que o previsto, até 2029;
- Meta: antecipar a universalização do saneamento de 2033 para 2029, incluindo as áreas rurais e as urbanas irregulares.
Com informações de: O Globo