Nesta quinta-feira (4), a Polícia Federal (PF) deu início à segunda fase da Operação Venire, que investiga supostas fraudes nos cartões de vacinação da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. A operação cumpre dois mandados de busca e apreensão emitidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nas cidades do Rio de Janeiro e Duque de Caxias.
Os alvos das buscas são o ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário estadual de Transporte e Mobilidade do Rio de Janeiro, Washington Reis (MDB), e a secretária de Saúde de Duque de Caxias, Célia Serrano. Esta nova fase da investigação, solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), busca apurar a existência de uma associação criminosa responsável pela inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), ambos do Ministério da Saúde.
Segundo as investigações, os agentes públicos investigados teriam facilitado a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nesses sistemas. A ação da PF também visa identificar novos beneficiários do esquema fraudulento.
Em nota, o governo do Rio de Janeiro afirmou que “a operação da Polícia Federal tem como alvo único e exclusivo a obtenção de cartões de vacinação relacionados ao município de Duque de Caxias em 2022. Não existe nada referente ao Governo do Rio na investigação e nem fatos que comprometam a conduta do secretário Washington Reis”.
Histórico da Operação Venire
A primeira fase da Operação Venire ocorreu em maio de 2023, quando os agentes da PF prenderam o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa de Bolsonaro em Brasília. Em março deste ano, a PF pediu o indiciamento de Bolsonaro, Cid e outras 15 pessoas pelo esquema irregular. De acordo com a polícia, Bolsonaro teria ordenado a Cid que inserisse dados falsos de vacinação contra a Covid-19 dele e de sua filha nos sistemas do Ministério da Saúde.
Na ocasião do indiciamento, um dos advogados de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, publicou nas redes sociais que o indiciamento de Bolsonaro era uma perseguição política. O ex-presidente sempre negou ter recebido o imunizante contra a Covid-19.
“O mundo inteiro conhece a opinião do presidente Jair Bolsonaro quanto ao tema da vacinação, muito embora ele tenha adquirido mais de 600 milhões de doses. Ademais, enquanto exercia o cargo de Presidente, ele estava completamente dispensado de apresentar qualquer tipo de certificado nas suas viagens. Trata-se de perseguição política e tentativa de esvaziar o enorme capital político que só vem crescendo”, escreveu Wajngarten.
A operação da PF continua em andamento, com a expectativa de novas revelações e possíveis desdobramentos nas investigações.