Nas eleições de segundo turno para prefeito nas capitais do Brasil, o bolsonarismo sofreu uma derrota significativa, de acordo com análise do colunista Leonardo Sakamoto, do UOL.
Entre os candidatos que seguiram fielmente a linha bolsonarista, apenas Abilio Brunini, em Cuiabá, saiu vitorioso. Nas demais cidades, candidatos fortemente ligados a Jair Bolsonaro, como Éder Mauro (Belém), Cristina Graeml (Curitiba), Marcelo Queiroga (João Pessoa), Capitão Alberto Neto (Manaus), Janad Valcari (Palmas), Mariana Carvalho (Porto Velho), Fred Rodrigues (Goiânia), André Fernandes (Fortaleza) e Bruno Engler (Belo Horizonte), perderam as disputas.
Em Aracaju, Emília Correa (PL) conseguiu vencer, mas sua postura não foi totalmente alinhada ao bolsonarismo durante a campanha, mantendo certa distância das associações explícitas a Bolsonaro, ao contrário de outros candidatos.
A vitória de Ricardo Nunes, em São Paulo, também, é apontada como um triunfo fora da esfera de influência do ex-presidente. Embora Bolsonaro tenha aparecido brevemente em um churrasco de campanha, a presença foi interpretada mais como um esforço para manter-se relevante no cenário político de 2026 do que um apoio decisivo ao candidato.
O colunista ainda observa uma série de conflitos internos à direita.
Durante a campanha, Bolsonaro se desentendeu com outros presidenciáveis da direita, como Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior, apoiando candidatos de oposição nas bases eleitorais desses governadores. No entanto, em Goiânia e Curitiba, os governadores conseguiram manter a hegemonia, indicando um possível enfraquecimento do poder de Bolsonaro como cabo eleitoral.
No contexto político, a derrota de candidatos bolsonaristas fortalece as posições do centrão, que conseguiu superar tanto a esquerda no primeiro turno quanto o bolsonarismo no segundo. Essa tendência reflete a influência crescente do Congresso Nacional, que, por meio de emendas parlamentares, fortalece suas bases regionais, diminuindo a influência de Bolsonaro no cenário nacional.
Com a inelegibilidade de Bolsonaro pelos próximos oito anos, figuras da direita começam a questionar a viabilidade de sua liderança. A recente derrota dos seus candidatos em capitais estratégicas pode marcar um ponto de inflexão, deixando espaço para novos nomes assumirem a vanguarda da direita nas próximas eleições.
As derrotas dos candidatos alinhados ao bolsonarismo nas capitais refletem um cenário político em transformação, onde a direita busca novos caminhos e a influência de Bolsonaro, ao menos como cabo eleitoral, encontra limites claros.