Mauro Neto/Secom

Vivência comunitária, pertencimento cultural e confecção de artesanato indígena permeiam o local onde fica situada a Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro, onde trabalha Madalena Cardoso, da etnia Tuyuka. Em dezembro, Madalena e outros dois indígenas, que fazem parte do Programa Artesanato Amazonense, do Governo do Amazonas, terão seus trabalhos expostos na maior feira internacional de artesanato da América Latina, a Expoartesanías 2024, realizada em Bogotá, na Colômbia, de 4 a 17 de dezembro.

Este ano, o Brasil será homenageado e recebido na feira como convidado de honra. No pavilhão de exposição brasileiro, o foco será exclusivamente na produção de artesanato feita por mulheres. Entre as representantes do Amazonas Madalena Cardoso, da etnia Tuyuka, irá expor suas obras feitas com fibra de tucum e grafismos.

A artesã nasceu em São Gabriel da Cachoeira (distante 852 quilômetros de Manaus), município com a maior concentração de diferentes etnias indígenas do país. Ela cresceu às margens do rio Tiquié, em um local chamado Vila Fátima. Foi lá que aprendeu com a mãe, da etnia Dessana, a confeccionar os primeiros artesanatos indígenas, aos 11 anos.

“Eu tenho muito orgulho do que os meus pais me ensinaram, porque é disso que eu tiro o meu sustento. Isso é muito importante para a gente não esquecer a nossa cultura e continuar ensinando para os nossos filhos. Quando nós, indígenas, fazemos isso (artesanato), a gente volta para o passado e seguimos repassando. Não esquecemos da nossa cultura, porque ela segue vida dentro da gente”, ressaltou a artesã.

Mauro Neto/Secom

Em 2000, Madalena decidiu se mudar para a capital amazonense em busca de oportunidades melhores de trabalho. Começou trabalhando com limpeza doméstica, mas se reencontrou novamente com o artesanato indígena seis anos mais tarde, em 2006, quando conheceu a Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro.

Atualmente, a artesã trabalha mais por encomenda e recebe muitos pedidos de fora do Amazonas. Bolsas, vasos e outros objetos decorativos são os mais requisitados pelos clientes, que se encantam pelos detalhes do grafismo e a precisão das fibras de tucum, que é um material usado não só para o artesanato, mas também na confecção de fios e redes de pesca.

O resultado final do trabalho depende da técnica de trançado de cada pessoa, que reflete os ensinamentos passados de geração a geração e a valorização dos aspectos culturais, sociais e ambientais na produção, pontuou Madalena.

Incentivo

O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria Executiva do Trabalho e Empreendedorismo (Setemp), conta com o Programa Artesanato Amazonense (PAA), voltado para a promoção da confecção das peças em todo o estado, além do incentivo da pasta para ensinar noções de empreendedorismo para artesãos indígenas recém-cadastrados.

Outro benefício fornecido é a Carteira Nacional do Artesão, que permite a emissão de nota fiscal avulsa e a participação em eventos do artesanato promovidos pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). Somente a Setemp realiza a emissão do documento em todo estado.

“O Amazonas é destaque na Expoartesanias com o Programa do Artesanato Amazonense e a ida da delegação de artesãos representa um momento ímpar para o estado com foco na promoção do artesanato produzido por mulheres, destacando a riqueza e a diversidade do trabalho feminino no setor”, destacou o secretário da Setemp, Paulo Gilson.

Expoartesanías

A Expoartesanías é uma feira de artesanato latino-americana que promove a divulgação e preservação do artesanato tradicional latino-americano. Durante a feira, são exibidos os trabalhos dos artesãos, que representam as diversas culturas e tradições de diferentes regiões e países. Com informações de Agência Amazonas.

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