Além de se comprometer a criar um governo diferente do anterior, marcado por acusações de perseguição política, prisões arbitrárias e outros desrespeitos aos direitos humanos, o HTS ainda tomou decisões visando a conquista de apoio interno e interno.
Uma das primeiras foi a libertação de milhares de presos políticos no país, detidos durante os 24 anos em que Assad esteve a frente da Síria. A ação foi seguida por uma promessa do líder do HTS, Abu Mohammed Al-Jolani, de que autoridades do antigo governo envolvidas em casos de tortura seriam perseguidas e responsabilizadas por seus atos.
O grupo ainda prometeu não impor políticas islâmicas na Síria, apesar do passado do HTS estar ligado a ideia da Sharia – um conjunto de leis baseadas na interpretação radical do Alcorão.
Movimentações
Com uma Síria mais fragmentada do que nunca, o grupo jihadista buscou diálogo com as Forças Democráticas Sírias (SDF), um conjunto de milícias curdas apoiadas pelos EUA que passaram a controlar partes do nordeste da Síria após o início da guerra civil no país, na área que ficou conhecida como Rojava.
Um acordo de cessar-fogo entre grupos ligados ao HTS e os curdos foi anunciado na quinta-feira (13/12), pelo comandante-chefe das SDF, Mazloum Abdi. Segundo o líder da organização, que ganhou conhecimento por sua luta contra o Estado Islâmico (ISIS) na Síria, o governo de transição garantiu que não vai avançar contra os territórios da região autônoma.
Ainda na área militar, o grupo jihadista prometeu lidar com instalações militares e armas químicas deixadas para trás pelo Exército Árabe Sírio, extinto após o colapso do regime Assad, com “máxima responsabilidade” para evitar que tais locais e equipamentos caiam “em mãos irresponsáveis”.
Em um outro aceno a comunidade internacional, o HTS ainda pediu ajuda externa e manifestou o desejo de cooperar na monitorização de armas químicas do regime Assad.
“Manifestamos a nossa total disponibilidade para cooperar com a comunidade internacional em tudo o que esteja relacionado com a monitorização de armas e locais sensíveis, e procuramos fornecer todas as garantias para certificar que não sejam utilizadas armas proibidas”, disse o HTS em um comunicado divulgado um dia antes de tomarem o poder na Síria.
Apesar das promessas e do tom moderado do HTS, a Síria continua vivendo um dilema quanto a nova administração do país.
O grupo, fundado por al-Jolani, já teve ligações com a Al-Qaeda de Osama Bin Laden e o Estado Islâmico (ISIS), que aterrorizou o mundo no início da década de 2010. Por conta disso, o HTS é classificado como uma organização terrorista por diversos países que compõem a Organização das Nações Unidas (ONU). Na prática, isso dificulta o diálogo oficial entre o atual governo interino sírio e o restante do mundo.