Nos autos aos quais o Metrópoles teve acesso, o mafioso é acusado de matar o conterrâneo Zhenhui Lin na madrugada de 30 de janeiro de 2015 na Sé, no centro de São Paulo. A motivação para o crime seriam desavenças relacionadas à exigência de altas quantias em dinheiro como condição para a liberação do comércio de produtos na região central da cidade.
Lin determinou a morte de Zhenhui e mandou outros cinco criminosos cometerem o crime. Um dos homens, identificado como Yugan Zhang, era o responsável por auxiliar o grupo, passando informações sobre a vítima.
A vítima e todos os acusados são naturais da Província de Fujian, na China, mas residiam na região central de São Paulo na época dos fatos. Ainda segundo os autos, Yugan foi até a casa do desafeto enquanto os comparsas, incluindo Lin, ficaram dentro de um carro preto próximo à saída do prédio, aguardando um aviso do mafioso.
Quando foram avisados, os criminosos surpreenderam Zhenhui na via pública, por volta das 0h50, e efetuaram diversos disparos de arma de fogo, matando a vítima no local.
O desafeto do grupo criminoso chegou a se esconder atrás de Yugan, que foi atingido no braço por um disparo. Ele foi socorrido no Hospital Bandeirantes, no bairro da Liberdade, também na região central de São Paulo.
Após a denúncia do MP, a Justiça decretou a prisão preventiva dos acusados. Um deles chegou a ser preso preventivamente, mas teve a liberdade provisória concedida posteriormente. Outros dois foram presos no exterior e extraditados.
Duas testemunhas protegidas foram ouvidas durante as investigações. Uma delas, identificada como “Beta”, disse que conhece todos os envolvidos, já que ele também é de Fujian.
“Beta” disse à polícia que, na noite do crime, abriu a janela e viu o corpo de Zhenhui no chão. Segundo a testemunha, os réus fazem parte de uma máfia que estaria extorquindo a vítima para que ela pudesse vender capas para celulares. A testemunha também disse que recebeu ameaças por telefone para não falar mais nada sobre o caso.
Outra testemunha protegida, identificada como “Charlie”, disse que quase toda a comunidade chinesa sabe que um dos criminosos faz parte de uma quadrilha que pratica extorsão contra comerciantes. Após a repercussão do crime, pessoas da comunidade chinesa identificaram os executores e os mandantes do assassinato, conforme disse “Charlie” à Justiça, mostrando que os mafiosos e seus atos eram conhecidos no meio.
Líder de máfia que pratica extorsão
As investigações apontam que o grupo criminoso extorquia dinheiro de comerciantes chineses na região central de São Paulo, principalmente nas regiões da Rua 25 de Março e da Rua Santa Ifigênia.
As vítimas eram obrigadas a pagar entre R$ 5 mil e R$ 10 mil mensais. A organização também é suspeita de matar três comerciantes que não atenderam as exigências.
O indivíduo conseguiu escapar de uma grande operação policial realizada em São Paulo (SP), em 2017. A ação resultou no cumprimento de 20 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão. Durante as diligências, as autoridades apreenderam sete armas de fogo com integrantes do grupo.