O projeto “Vozes da Literatura de Manaus” é um espaço dedicado a explorar, valorizar e compartilhar as histórias, talentos e reflexões que emergem do cenário literário da cidade de Manaus e tem como propósito dar voz aos escritores locais, resgatar memórias culturais e promover o diálogo entre a literatura e a comunidade. Sendo assim, hoje apresentamos a história de vida da talentosa autora do livro “A Iara Feia”: Franciná Lira.

Quem é você? Conte-nos um pouco sobre a sua história de vida! “Meu nome de batismo é Maria Franciná Lira Ribeiro, mas as pessoas me conhecem como: Franciná Lira ou Borboleta das Letras (risos). Nasci no município de Benjamin Constant, no Amazonas. Contudo, pouco vivi lá. Passei a maior parte do tempo em comunidades ribeirinhas, dentro da floresta, porque meu pai era madeireiro e seringueiro. Somente em 1984, aos 10 anos de idade, fui morar no município de Benjamin para continuar meus estudos no colegial, pois minha mãe, que só tinha a 4ª série, era a professora nas comunidades em que vivíamos.

No início do ano de 1987 mudamos para Manaus e, alguns dias depois, fui para o Internato Santa Terezinha. Fiquei no colégio interno por dois anos. Lá me apaixonei pela escrita do Carlos Drummond de Andrade e comecei a fazer poemas. Quando saí do internato fiz alguns poemas na máquina de datilografia e os guardei por longos anos… Lembro-me que naquela época a minha companheira de leitura era a minha mãe… Ela “devorava” livros! Eu emprestava livros na Biblioteca Pública do Estado para nós duas. Quando eu não gostava de um livro, repassava para ela ler e me contar depois.

Casei aos 19 anos, tive dois filhos e parei com os estudos. Direcionei minha vida para o trabalho no distrito industrial e a família. Meu último trabalho foi como vigilante em escolas da SEMED. Só voltei a escrever em 2009 depois que participei do lançamento do livro “ENQUANTO OS SINOS PLANGEM”, da Rosa Lia Dinelli, a convite de José Farias. Naquele dia percebi que aquele era o mundo o qual eu pertencia e que sempre busquei, mesmo sem saber. Passei a frequentar a “Quarta Literária”, na Livraria Valer. Desde então, não parei mais de escrever.

Descobri-me poeta e escritora, além de ativista cultural. Tornei a minha inquietação pela falta de mulheres na literatura a “minha bandeira”. Fundei o grupo de poetisas Formas em Poemas em 2010. Lancei a Coleção TUCHAUA EM VERSOS em 2013 (coleção de 8 livros de poetas e coletivos de literatura). Em 2014 passei no concurso da SEMED para o cargo de pedagoga. Graduei em 2015. Pós-Graduei em 2016 e, em 2017, passei no concurso da SEMED para o cargo de professora de Educação Infantil.

Atualmente sou a Presidente da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM; Dama Comendadora da Literatura; Condutora da Tocha Olímpica de 2016; Ganhei meu primeiro prêmio de produção literária em 2012. Em 2020 ganhei o concurso de MELHOR POETA CONTEMPORÂNEO DO ESTADO DO AMAZONAS, da Editora Almeida. Também ganhei alguns diplomas, certificados e placas em reconhecimento aos trabalhos desenvolvidos nesses anos em prol da literatura. Em dezembro de 2024 recebi a MEDALHA ESTRELA DE OURO, pela Sociedade de Cultura Latina do Brasil. Sou agente e organizadora literária da Editora Fonte de Papel. Tenho o selo editorial Formas em Poemas Edições, que desde 2023 vem produzindo coletâneas e livros individuais de escritores do Amazonas e de outras partes do Brasil”.

Quantos livros você já publicou? Quais são eles? “A Rosa e o Beija-flor; As Dez Poetisas; Ianzinho em: Uma Questão de Peso; A Imortalidade Amazônica; O Planejamento e as Interações na Educação Infantil; Faces e Fases; Patologia do Bem; Formação de Professores; Musicalidade Poética; Aventuras Manauaras; Só Poetisas; Folhas Negras; Tom de Paz; Era uma Vez Fora do Livro; A Iara Feia”.

Qual livro, capítulo ou passagem é particularmente especial para você? Por quê? “O livro Era uma vez fora do livro. Eu o idealizei em 2016 como peça de teatro. A peça foi encenada no Parque Cidade da Criança, sob a direção de Socorro Andrade. Fiz a peça para incentivar o público do Parque a frequentarem a biblioteca que lá existia. Elas preferiam os brinquedos, as oficinas e as peças de teatro do que fazerem uma boa leitura na biblioteca onde eu trabalhava. Elas gostavam de fazer pinturas na biblioteca. Isso me deixava triste”.

Como você se define no campo literário? Você se considera mais um contista, poeta ou romancista? Ou gosta de explorar vários gêneros? “Considero-me poeta e cronista. Gosto mais de fazer crônicas. Ela proporciona uma liberdade maior na escrita. Produzo mais poemas, mas escrevi crônicas que foram publicadas em coletâneas e no Jornal do Comércio. Estou preparando um livro só com crônicas que relatam o meu processo de controle da depressão e ansiedade, com as quais convivo desde 2022. O meu primeiro romance é A IARA FEIA, que foi lançado em outubro de 2024 em Palhoça/SC. O lançamento em Manaus está previsto para o início de 2025”.

Como a literatura de Manaus ou a cultura local influenciam sua escrita? “A minha escrita surge a partir das relações que tenho com as pessoas que passam ou ficam na minha vida. Os lugares por onde passo. Os registros que faço com os olhos. Alguns livros me inspiraram a escrever por me “tocarem” de alguma forma. Fiz uma crônica chamada UMA CARTA COMO ANTIGAMENTE após ler o livro O LEÃO E A LIBÉLULA, da Alexandra Leite. Após lê-lo chorei muito e senti uma enorme vontade de escrever uma carta para uma pessoa. Eu escrevi a carta e a crônica. Foi muito bom!”.

É professor, filósofo e escritor, autor, entre outras obras de “Amores que transformam”, Editora Escola Cidadã, ano 2024.

Instagram @luislemosescritor

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