Foto e Vídeos do Instagram: Alessandra Korap

Desde a manhã desta terça-feira (14), lideranças indígenas de diversas etnias do Pará e educadores ocupam a sede da Secretaria de Educação do Estado (SEDUC) em defesa do Sistema Modular de Ensino Indígena (Somei). O movimento protesta contra a substituição desse sistema pelo Centro de Mediação Educacional do Pará (CEMEP), que utiliza televisores em sala de aula em vez da presença de professores.

A ocupação se concentra na sala de Administração do Some e na Coordenação de Educação Escolar Indígena (CEEIND). Segundo Margareth Maytapu, coordenadora do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (CITA), a reação das autoridades incluiu o corte de energia elétrica e água, além do uso de spray de pimenta em áreas utilizadas pelos manifestantes.

“A precariedade dentro das aldeias e o abandono do governo do Estado é muito grande, mas estão usando o nosso nome para conseguir benefícios, como o crédito de carbono, enquanto isso, os indígenas e os professores estão sendo abandonados”, declarou Maytapu.

Alessandra Korap, liderança do povo Munduruku e presidenta da Associação Indígena Pariri, destacou as dificuldades impostas pelo novo sistema. “O Pará tem mais de 50 povos indígenas, e muitos são falantes. Imagine uma TV falando uma língua e os alunos não entenderem”, criticou em um vídeo que circula nas redes sociais.

Korap também denunciou a presença de forças policiais no local e afirmou que a mobilização continuará até que o governador Helder Barbalho atenda às reivindicações do movimento. “Isso é muito grave. As polícias estão chegando, mas a gente não vai desistir. O Helder Barbalho vai ter que nos ouvir, vai ter que sair do buraco onde ele está escondido. Nós não nos escondemos. Ele atacou os professores no mês passado, e agora estamos aqui também”, afirmou.

O protesto envolve representantes dos povos Munduruku, Tembé, Xikrim, Borari, Arapium, Kumaruara, Sature Maué, Maytapu, Tapuia e Tupinambá, que enfatizam que o novo sistema de ensino desrespeita suas realidades e culturas, além de comprometer gravemente a qualidade da educação nas aldeias.

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