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O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) diz estar arrependido de afirmar que lidaria com “vagabundos iguais” a Lula “na bala”. O parlamentar se afastou de Bolsonaro e se aproximou do governo, tornando-se uma das apostas de diálogo entre o Planalto e a bancada evangélica.
Questionado sobre a frase contra Lula, Otoni de Paula respondeu: “Sim, eu me arrependo. Decidi parecer mais com Cristo do que com Bolsonaro. Esse tipo de coisa não cabe na minha boca, sou um pastor”.
Em abril de 2022, Otoni foi à tribuna da Câmara e reagiu a uma fala de Lula. Foi após o então pré-candidato petista afirmar que a militância deveria cobrar parlamentares indo em suas casas e abordando familiares dos congressistas.
Otoni afirmou na ocasião: “Eu quero dizer para vagabundos iguais a Lula, não atravesse a escola dos meus filhos e nem pensem em visitar minha esposa. Ir em casa, então, é inimaginável! Porque no Rio de Janeiro a gente tem um método de tratar bandido: é na bala!”.
Mais de dois anos após o episódio, o deputado agora se tornou alvo de bolsonaristas após fazer uma oração para Lula, no Planalto. Ele nega ter se tornado apoiador do presidente, mas disse que é papel das lideranças religiosas pedir bênçãos a quem solicita e torcer pelo bem dos líderes do país.
A confusão foi tamanha que Otoni deixou o grupo da oposição. O deputado agora concorre ao posto de liderança da bancada evangélica. Ele disputa o cargo contra Gilberto Nascimento (PSD-SP).
A frente parlamentar tem perfil conservador e, por isso, resiste a gestos de aproximação com o governo Lula. O Planalto costuma escalar o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, evangélico, para estreitar o diálogo com os neopentecostais. Com informações do colunista Paulo Cappelli.