Foto: Arquidiocese de Manaus/divulgação

Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica entra em um momento decisivo de transição: a escolha de um novo líder espiritual para mais de 1,3 bilhão de fiéis. Enquanto o Colégio Cardinalício se prepara para o conclave — cerimônia que definirá o próximo pontífice — um nome brasileiro ganha destaque entre os principais cotados ao papado: Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da Amazônia.

Dom Leonardo, de 74 anos, foi elevado ao cardinalato em 2022 por Francisco, gesto interpretado por muitos como um reconhecimento da importância estratégica da região amazônica no futuro da Igreja. Sua atuação pastoral no Norte do Brasil, voltada para os povos tradicionais, o meio ambiente e a justiça social, tem ressonado entre líderes religiosos e especialistas em assuntos do Vaticano.

Em entrevista recente à Rádio Rio Mar, Dom Leonardo exaltou o carinho de Francisco pela floresta e seus habitantes. “O Papa sempre perguntava: ‘E como vai nossa querida Amazônia?’”, recordou. Ele também lembrou o gesto de Francisco durante a pandemia, quando ligou pessoalmente para saber da situação da região. “Um homem profundamente comprometido com os pobres, os povos originários, os mais necessitados.”

Natural de Forquilhinha (SC), Steiner ingressou na Ordem dos Frades Menores ainda jovem, foi ordenado sacerdote em 1978 e tornou-se bispo em 2005, nomeado pelo Papa João Paulo II. Em 2020, assumiu a arquidiocese de Manaus, sucedendo Dom Sergio Castriani. Para ele, a nomeação como cardeal foi um símbolo da atenção de Francisco à Amazônia. “Foi uma expressão de carinho e cuidado com a nossa região”, disse à época.

Dom Leonardo possui formação em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum de Roma. Sua experiência e perfil pastoral são vistos como qualidades valiosas num momento em que a Igreja busca se aproximar das causas sociais e ambientais — bandeiras defendidas fortemente por Francisco.

Além de Dom Leonardo, outros nomes figuram entre os possíveis sucessores ao papado, segundo analistas especializados:

  • Pietro Parolin (Itália) – Secretário de Estado do Vaticano, diplomata experiente.

  • Matteo Zuppi (Itália) – Arcebispo de Bolonha, com viés progressista e engajamento social.

  • Pierbattista Pizzaballa (Itália) – Patriarca Latino de Jerusalém, defensor do diálogo inter-religioso.

  • Jean-Marc Aveline (França) – Arcebispo de Marselha, considerado próximo de Francisco.

  • Péter Erdo (Hungria) – Arcebispo de Esztergom-Budapeste, perfil conservador e acadêmico.

  • José Tolentino de Mendonça (Portugal) – Intelectual e poeta, à frente do Dicastério da Cultura.

  • Mario Grech (Malta) – Secretário-geral do Sínodo dos Bispos.

  • Luis Antonio Tagle (Filipinas) – Com atuação marcante na Ásia, defensor dos direitos humanos.

  • Robert Francis Prevost (EUA) – Prefeito do Dicastério para os Bispos.

  • Wilton Gregory (EUA) – Arcebispo de Washington, primeiro cardeal afro-americano.

  • Blase Cupich (EUA) – Arcebispo de Chicago, ligado a pautas pastorais inclusivas.

  • Fridolin Ambongo Besungu (República Democrática do Congo) – Líder combativo em prol da justiça social.

  • Sérgio da Rocha (Brasil) – Com ampla trajetória episcopal no país e membro do Conselho de Cardeais.

A escolha do novo Papa pode surpreender, como foi a de Francisco em 2013. Mas se o conclave decidir por um perfil com forte compromisso pastoral, ecológico e com os desafios do hemisfério sul, o nome do arcebispo da Amazônia poderá ecoar forte na Capela Sistina.

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