Médica trabalhando com raio-X da cabeça do paciente e diagnosticando lesão no crânio. Conceito de câncer de cabeça e pescoço - Foto: NanoStockk/Getty Images

O Brasil poderá registrar cerca de 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço em 2025, segundo projeções do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No Nordeste, a estimativa é de 10.070 diagnósticos, o segundo maior número entre as regiões do país. Apesar da alta mortalidade, esse tipo de câncer é considerado evitável — e muitos fatores de risco estão diretamente relacionados ao estilo de vida.

Entre os principais causadores da doença estão o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e infecções por HPV (Papilomavírus Humano). “Fumantes têm cinco vezes mais chances de desenvolver câncer de cabeça e pescoço. Esse risco é multiplicado por dez quando associado ao álcool”, alerta a oncologista Larissa Moura.

A infecção por HPV, uma infecção sexualmente transmissível geralmente associada ao sexo oral desprotegido, tem aumentado os casos de câncer nas amígdalas. “É importante chamar a atenção para o crescimento desse tipo de tumor relacionado ao HPV”, reforça o médico Eduardo Moraes.

Outros fatores de risco incluem má higiene bucal, traumas crônicos causados por próteses mal adaptadas, exposição solar sem proteção labial, fatores genéticos e hábitos alimentares inadequados.

Diagnóstico ainda é tardio na maioria dos casos

Um dos principais desafios na luta contra o câncer de cabeça e pescoço é o diagnóstico precoce. Segundo estudo do Inca publicado na revista The Lancet Regional Health Americas, oito em cada dez casos no Brasil são diagnosticados em estágio avançado.

“O rastreio, a detecção precoce e o tratamento adequado podem salvar vidas. Quando identificado na fase inicial, esse câncer pode ter até 90% de chance de cura”, explica Eduardo Moraes.

Julho Verde: conscientização e informação como prevenção

A campanha Julho Verde tem como objetivo informar a população sobre os riscos e a importância da prevenção. “A informação é uma aliada na luta contra esse tipo de câncer, que é evitável. Por isso, é fundamental conhecer os fatores de risco e adotar hábitos saudáveis”, afirma o oncologista Daniel Brito.

A doença pode afetar diversas regiões: boca (língua, gengiva e céu da boca), faringe (garganta), laringe (cordas vocais), seios da face, cavidade nasal e a glândula tireoide. Em mulheres, o tumor mais frequente é o de tireoide; nos homens, predominam os de boca, laringe e faringe.

Sinais de alerta

Os médicos alertam para sintomas que podem indicar o início da doença, especialmente quando persistem por mais de 15 dias:

  • Rouquidão ou mudança na voz

  • Dificuldade para engolir

  • Feridas na boca que não cicatrizam

  • Nódulos no pescoço

  • Sangramento na boca ou nariz

  • Dor de garganta persistente

  • Mau hálito

  • Perda de peso inexplicada

“Muitos sintomas são confundidos com problemas comuns, como viroses ou infecções respiratórias, o que leva à demora no diagnóstico”, explica Larissa Moura. “Ter um ou mais desses sinais não significa que seja câncer, mas a avaliação médica imediata é fundamental”, complementa Eduardo Moraes.

Prevenção: hábitos saudáveis e vacinação

Evitar o tabaco, reduzir o consumo de álcool, usar preservativos nas relações sexuais, manter boa higiene bucal, usar protetor solar nos lábios, fazer visitas regulares ao dentista e manter uma alimentação rica em frutas e verduras são atitudes fundamentais na prevenção.

Além disso, a vacinação contra o HPV, disponível gratuitamente no SUS, é uma das formas mais eficazes de prevenção. A vacina é indicada para:

  • Meninos e meninas de 9 a 14 anos

  • Adultos até 45 anos com condições clínicas especiais (como pacientes oncológicos, transplantados, portadores de HIV ou vítimas de violência sexual)

“A vacina HPV é uma aliada essencial na prevenção de diversos tipos de câncer, incluindo os de cabeça e pescoço”, finaliza Eduardo Moraes.

Com informações de Correio 24 Horas

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