REUTERS/Maxim Shemetov/Pool

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai receber nesta sexta-feira (8), o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, e o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev. Os dois líderes vão assinar um acordo de paz em uma cerimônia na Casa Branca.

“Não se trata apenas da Armênia. Não se trata apenas do Azerbaijão. Trata-se de toda a região, e eles sabem que essa região é reconhecidamente mais segura e próspera com o presidente Trump”, disse um alto funcionário do governo americano.

Também nesta sexta-feira (8), Trump assinará acordos com a Armênia e o Azerbaijão sobre energia, tecnologia, cooperação econômica, segurança de fronteira, infraestrutura e comércio. Não foram fornecidos mais detalhes.

Em março, os dois países do Cáucaso, entre a Ásia e a Europa, afirmaram ter concordado com o esboço de um acordo de paz para resolver um conflito de quase 40 anos.

Motivação do conflito entre Armênia e Azerbaijão

A Armênia e o Azerbaijão, países vizinhos, estão em conflito desde a década de 1990 por causa de Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa no extremo sul da cordilheira de Karabakh, dentro do Azerbaijão.

A região, conhecida como Artsakh pelos armênios, é reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas até 2023 seus 100 mil habitantes eram predominantemente armênios.

Sob a União Soviética, a região de Nagorno-Karabakh tornou-se autônoma dentro da República do Azerbaijão, e viveu de forma independente por décadas após o colapso soviético em 1991.

Guerra de Karabakh

O conflito sangrento por Karabakh remonta a mais de um século, mas houve duas grandes guerras desde o final da década de 1980.

A Primeira Guerra de Karabakh (1988-1994) resultou na morte de mais de 30 mil pessoas. A maior parte da população foi expulsa de suas casas quando o lado armênio assumiu o controle de Nagorno-Karabakh e de partes de sete distritos vizinhos.

Após décadas de combates intermitentes, o Azerbaijão iniciou uma operação militar em 2020 que se tornou a Segunda Guerra do Karabakh. O país obteve uma vitória decisiva em 44 dias, retomando os sete distritos e cerca de um terço de Nagorno-Karabakh.

Em setembro de 2023, as forças azerbaijanas lançaram uma ofensiva contra o que restava de Karabakh, que rapidamente concordou com um cessar-fogo e se rendeu a conquista do país. Quase todos os 100 mil armênios restantes na região fugiram para a Armênia como refugiados.

Negociações de paz

O progresso em direção a um acordo de paz foi lento, mesmo depois que ambos os lados declararam, logo após o êxodo de Karabakh, que queriam assinar um tratado para encerrar o conflito.

Em 2024, a Armênia começou a devolver alguns territórios disputados ao Azerbaijão, incluindo várias aldeias desabitadas ao longo da fronteira compartilhada. Essa medida se mostrou altamente controversa na Armênia, desencadeando protestos de rua na capital, Yerevan.

Um dos principais obstáculos à assinatura de um acordo de paz é a questão da Constituição da Armênia. O Azerbaijão exige que a Armênia altere a introdução da constituição, que faz referência à declaração de independência do país em 1990.

Esse documento faz referência a uma decisão conjunta de 1989 que pedia a reunificação da Armênia e de Nagorno-Karabakh, que ainda era uma região autônoma dentro do Azerbaijão soviético.

O Azerbaijão considera a referência a Karabakh na Constituição armênia como uma reivindicação implícita ao território azerbaijano.

Pashinyan convocou este ano um referendo para alterar a Constituição, mas ainda não há uma data definida para isso. A Armênia realizará eleições parlamentares em junho de 2026, e a nova Constituição deverá ser redigida antes da votação.

Outro obstáculo foi a proposta de um corredor de trânsito que percorreria cerca de 32km pela Armênia e ligaria a maior parte do território azerbaijano a Nakhchivan, um território que faz fronteira com a Turquia, aliada que é aliada do Azerbaijão.

O Azerbaijão quer o corredor, mas não quer que a Armênia o controle por receio de que Yerevan possa revogar o acesso rapidamente.

Os EUA propuseram assumir a gestão do corredor planejado, mas a Armênia se mostrou cautelosa quanto à perspectiva, que é politicamente sensível para Pashinyan antes das eleições do próximo ano.

Com informações de CNN Brasil.

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