Com a macaúba, Acelen une inovação e agricultura na produção de SAF

“Provavelmente, estamos inaugurando uma nova commoditie brasileira no setor de energia”. A afirmação foi feita por Marcelo Lyra, vice-presidente de Comunicação, ESG e Relações Institucionais da Acelen e Acelen Renováveis, na terceira e última edição do CNN Talks dedicada exclusivamente à COP30, realizada quarta-feira (15), em Brasília, com o tema “Dos Desafios às Soluções – Uma Jornada para o Acordo Global”. Ele se referia à produção de biocombustível a partir da macaúba.

O CNN Talks COP30 reuniu lideranças políticas, empresariais e financeiras para debater o papel do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono e antecipou os principais temas da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém (PA) — e que está sendo vista como a COP da implementação, voltada para financiamento climático, bioeconomia, inovação e transição justa.

Não por acaso, Lyra foi um dos participantes do painel “Do Compromisso à Ação: Sustentabilidade na Prática” e trouxe para o debate o exemplo do biocombustível produzido a partir da macaúba, uma planta brasileira de alto poder energético, até 10 vezes mais produtiva por hectare plantado em comparação à soja.

A partir da macaúba, a Acelen Renováveis planeja produzir combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel renovável (HVO) no Brasil focando no mercado internacional. O biocombustível feito com essa planta tem potencial de reduzir em até 80% as emissões de CO₂ em comparação com combustíveis fósseis, além dos ganhos com o sequestro de carbono.

Recuperação de áreas degradadas

Empresa de energia criada pelo fundo de Investimentos Mubadala Capital para acelerar a transição energética mundial através da produção de combustíveis renováveis a partir da macaúba, a Acelen Renováveis planeja iniciar a produção de SAF e diesel a partir de 2027.

Para isso, prevê investimento inicial de 3 bilhões de dólares para sua primeira unidade integrada de produção de biocombustíveis. O plano inicial prevê o cultivo de 180 mil hectares de pastagens degradadas nos estados da Bahia e Minas Gerais.

Além da redução de emissão de carbono, o combustível produzido com a macaúba tem outras vantagens adicionais. Uma delas é que 100% do cultivo será feito em pastagens degradadas, regenerando e tornando-a produtiva. Além disso, o cultivo da macaúba pode ser combinado com outras culturas, o que ajuda na recuperação do solo.

“Cerca de 20% das plantações serão compostas por parcerias com a agricultura familiar e pequenos produtores. O projeto tem previsão de gerar até 85 mil empregos diretos e indiretos” ao longo dos próximos 10 anos, explica Lyra.

Fazenda-modelo e centro de pesquisa

Em maio deste ano, a empresa iniciou o plantio das mudas de macaúba na primeira fazenda-modelo, localizada na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. A área fica próxima de São Francisco do Conde, onde será construída uma biorrefinaria com tecnologia HEFA para produção dos combustíveis renováveis.

No final de agosto, foi inaugurado o maior Centro de Inovação e Tecnologia Agroindustrial, o Acelen Agripark, na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais, dedicado à pesquisa, inovação e tecnologia para o desenvolvimento da macaúba.

Com a cadeia de combustíveis renováveis, o projeto da Acelen Renováveis injetará 40 bilhões de dólares na economia brasileira ao longo dos próximos 10 anos, segundo dados da FGV.

“O projeto da macaúba é um bom exemplo de como podemos unir questões climáticas importantes com o potencial de produção, de geração econômica, em uma cadeia produtiva longa, onde pequenos produtores, por exemplo, vão melhorar sua renda em quatro, cinco vezes na sua parcela produtiva”, observou Lyra.

Ou seja, não se trata de escolher entre floresta ou agricultura, mas apostar no potencial sustentável de floresta mais agricultura. “A combinação dessas duas coisas representa uma oportunidade de negócio e não um custo sustentável.  Poderemos gerar riqueza para o país, impostos e empregos em empreendedorismo local, investindo na produção de biocombustíveis mais competitivos do mundo”, afirmou o executivo da Acelen Renováveis.

Regulação e financiamento

Para acelerar essa produção, Lyra defendeu a regulação do mercado de carbono, que segundo ele, é uma fonte importante de recursos para financiar o desenvolvimento e produção de biocombustíveis. “Essa regulamentação é essencial para dar liquidez aos créditos de carbono”, afirmou.

Para ele, a regulação brasileira sobre biocombustíveis está avançando bem. Entretanto, segundo ele, o país precisa colocar a questão da transição energética de forma estratégica, fazer o advocacy global para defender a produção desses combustíveis verdes no que tange às questões que essa produção brasileira vai enfrentar nos mercados de destinos, como o europeu e o americano. Ele entende que o Brasil tem credenciais para isso. “Nesse setor, temos diferenciais, temos que sentar na janelinha”, conclui.

Com informações de CNN Brasil.

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