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Uma carta publicada nesta quinta-feira (23/10) pela presidência da COP (Conferência das Partes) alertou sobre a histórica resistência em investir em adaptação climática, atribuindo-a à falta de clareza sobre o tema. O documento defende a adaptação como “o próximo passo da evolução humana” e salienta o alto custo da inação.

A Necessidade Urgente de Adaptação

A carta enfatiza que a adaptação não é apenas uma questão ambiental, mas também fiscal, social e um risco sistêmico à estabilidade global. A falta de investimentos deixa países vulneráveis, forçando-os a desviar recursos de setores essenciais como saúde, educação e infraestrutura para respostas emergenciais. Apesar dos compromissos, os recursos destinados à adaptação representam menos de um terço do financiamento climático total, “muito aquém das necessidades”.

O objetivo da COP30 é triplicar o volume de dinheiro direcionado à adaptação. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, destaca que esse financiamento não deve ser visto apenas como assistência, mas como um impulsionador de estabilidade fiscal, redução de riscos e aumento da produtividade. Dados do Banco Mundial (Bird) indicam que medidas robustas de adaptação podem gerar até quatro vezes o seu custo em benefícios econômicos. Desastres climáticos já custam à África entre 2% e 5% do PIB anualmente, e um único furacão pode comprometer décadas de progresso em Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS).

Corrêa do Lago ressaltou que recursos públicos são “absolutamente essenciais” para financiar a adaptação, e que o setor privado tem demonstrado crescente interesse em investir em locais com adaptação robusta.

Aquecimento Global e “Overshoot”

António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou que os esforços para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais provavelmente falharão no curto prazo, resultando em impactos “devastadores”. No entanto, ele mantém a possibilidade de alcançar a meta até o final do século com sérios esforços de emissões líquidas zero. Corrêa do Lago confirmou que o “overshoot” (ultrapassagem temporária do limite de 1,5°C) não significa a desistência da meta, e que a adaptação terá um papel crucial para o retorno a esse patamar.

Licença de Perfuração na Foz do Amazonas

Sobre a decisão do Ibama de autorizar a Petrobras a pesquisar petróleo na foz do rio Amazonas, Corrêa do Lago afirmou que a iniciativa, embora impactante, é um “sinal de transparência” e se insere no contexto das escolhas que o Brasil precisa fazer como país em transição. Ele enfatizou que o debate aberto demonstra o funcionamento das instituições brasileiras.

Com informações de Metrópoles

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