
O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) voltou a cobrar do governo federal medidas efetivas para conter o avanço do crime organizado na Amazônia, após a divulgação do relatório internacional “A Amazônia sob ataque”, publicado pela organização Amazon Underworld. O documento revela que Manaus está hoje no mapa mundial do narcotráfico, funcionando como um elo entre as rotas fluviais do Solimões e do Amazonas e os portos que levam cocaína a outros continentes.
Para o parlamentar, o relatório confirma o que já vem sendo alertado desde o início de seu mandato: a ausência de presença contínua do Estado nas rotas fluviais e a falta de integração entre órgãos de segurança nacionais e internacionais.
“Manaus precisa de operação em campo, com data, meta e transparência. Nosso papel é cobrar para que o plano saia do papel e chegue aos portos, aos rios e às fronteiras”, destacou Amom.
Relatório escancara vulnerabilidade amazônica
O relatório aponta que as rotas fluviais da Amazônia se consolidaram como o principal corredor de escoamento de drogas da América do Sul, passando por cidades estratégicas como Tabatinga, Coari e Manaus, antes de seguirem para o Caribe e a Europa.
A publicação cita ainda a ausência de políticas de rastreamento, fiscalização e presença policial constante, o que facilita a atuação de redes criminosas nacionais e internacionais.
Diante desse cenário, Amom destacou que desde 2023 apresentou cinco Requerimentos de Informação (RICs) ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, pedindo operações de fiscalização nos portos, ações conjuntas com países fronteiriços e a definição de metas mensuráveis para monitoramento das rotas do tráfico.
Governo promete centro policial, mas sem prazos
Em resposta oficial, o Ministério da Justiça informou que a Polícia Federal está finalizando os trâmites para o funcionamento do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI-Amazônia) — criado pelo Decreto 11.614/2023 — que deve coordenar ações de inteligência e repressão em toda a Amazônia Legal.
Entretanto, o órgão não apresentou previsão de inauguração do centro, o que, segundo o deputado, reforça a falta de compromisso com resultados concretos.
Além disso, o ministério mencionou medidas de integridade policial, como a implementação de câmeras corporais e programas de formação e controle interno. Para o gabinete de Amom, embora sejam passos importantes, essas ações ainda carecem de transparência e metas específicas para Manaus.
A equipe técnica do governo federal também citou o Subsistema de Alerta Rápido para novas substâncias psicoativas e a utilização de recursos do Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD). Amom, no entanto, defende que o combate ao tráfico precisa sair do campo das intenções e se transformar em ações contínuas e mensuráveis nas rotas fluviais.
“Reconhecemos a importância do CCPI e das medidas de integridade, mas o Amazonas exige presença real do Estado — com fiscalização, tecnologia e resultados que cheguem até quem vive nas margens dos rios”, afirmou o deputado.
O parlamentar garantiu que seguirá monitorando a execução do CCPI-Amazônia, a aplicação das câmeras corporais e a integração operacional entre as forças federais, estaduais e internacionais, buscando resultados verificáveis para os amazonenses.
Projetos de lei fortalecem agenda de segurança
A agenda legislativa de Amom Mandel contempla 10 Projetos de Lei voltados à tecnologia, integridade e inteligência policial. Entre as propostas estão o rastreamento de armas de forças de segurança por IoT/RFID, o incentivo à criação de delegacias especializadas em crimes cibernéticos, e a criação de um sistema nacional para prevenção e responsabilização da letalidade policial.
Outros projetos tratam de promoções meritocráticas, transparência no uso de verbas públicas, punições mais severas para corrupção policial e inclusão do combate à violência escolar como parte da Política Nacional de Segurança Pública.
Segundo Amom, o objetivo é fechar brechas operacionais, garantir governança na segurança pública e proteger quem está na linha de frente do combate ao crime organizado.










