Divulgação / Forças Armadas de Israel

O cenário político e militar de Israel foi abalado nesta segunda-feira (3/11) com a detenção de Yifat Tomer-Yerushalmi, ex-procuradora-geral do Exército. A prisão ocorre após ela admitir ter autorizado o vazamento de um vídeo que supostamente mostra soldados israelenses torturando um preso palestino. A informação foi confirmada pelo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, e surge apenas três dias após a renúncia de Yifat.

Entenda o Caso: A Tortura na Prisão de Sde Teiman e a Repercussão Política

O incidente que desencadeou o escândalo ocorreu em 5 de julho de 2024, quando cinco reservistas que atuavam na prisão militar de Sde Teiman, no deserto de Negev, teriam torturado um detento palestino algemado e vendado. O preso sofreu costelas quebradas, perfuração pulmonar e lesões graves na região anal. Embora relatos iniciais falassem em estupro, a acusação formal contra os soldados mencionou o uso de um “objeto cortante” para causar laceração interna, baseada em imagens de câmeras e documentos médicos.

A investigação provocou forte reação de grupos de extrema direita israelense, com manifestantes chegando a invadir bases militares. Dias depois, um vídeo da câmera de segurança, mostrando soldados cercando o detento com escudos e um cão, foi vazado ao canal N12.

Do Desaparecimento à Prisão: Reações do Governo e o Contexto de Abusos

Na carta de renúncia, Yifat confirmou ter aprovado o vazamento em agosto de 2024, justificando-o como uma tentativa de defender a credibilidade do departamento jurídico militar, que estaria sob ataques políticos. “Assumo total responsabilidade por qualquer material divulgado à mídia”, afirmou. Ela ressaltou a importância de investigar a violência, mesmo contra “terroristas da pior espécie”.

Contudo, o vazamento foi rapidamente utilizado por aliados do governo para tentar barrar as punições aos reservistas, alegando que “comprometeu a legalidade do julgamento”. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu uma “investigação independente e imparcial” sobre o vazamento, reconhecendo o “imenso dano à imagem do Estado de Israel”. O ministro Ben-Gvir celebrou a saída de Yifat e exigiu investigações mais amplas.

A ex-procuradora está sendo investigada por possíveis crimes de fraude, quebra de confiança, abuso de poder e divulgação de informações confidenciais. O ex-procurador-chefe militar, coronel Matan Solomesh, também foi preso sob as mesmas suspeitas. A prisão de Yifat ocorre após seu carro ser encontrado perto de uma praia, levantando boatos de tentativa de suicídio, desmentidos pela polícia. Ben-Gvir determinou que ela fosse mantida em isolamento e sob vigilância reforçada devido à preocupação com sua segurança.

O Contexto Maior: Denúncias da ONU e Organizações de Direitos Humanos
O caso de Yifat Tomer-Yerushalmi não parece ser isolado. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em julho de 2025, aponta denúncias de detenções secretas e tortura de palestinos desde os ataques terroristas de 7 de outubro. Organizações de direitos humanos também registram abusos recorrentes. O Exército israelense afirma investigar dezenas de ocorrências, mas nega a prática sistemática de maus-tratos.

Com informações de Metrópoles

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