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O Museu do Louvre, na França, iniciou uma auditoria de segurança há uma década, mas as melhorias recomendadas só serão concluídas em 2032, informou o auditor em um relatório divulgado nesta quinta-feira (6), compilado antes do roubo ocorrido no mês passado.

O crime cometido à luz do dia, no qual quatro ladrões levaram joias avaliadas em US$ 102 milhões, levantou dúvidas sobre a credibilidade do museu mais visitado do mundo como guardião de seu vasto acervo. Autoridades admitiram que a segurança não estava à altura.

Embora os investigadores tenham acusado quatro suspeitos de envolvimento no assalto, os tesouros ainda não foram recuperados.

Trechos do relatório, publicado na quinta-feira (6) pelo Tribunal de Contas, conhecido como Cour des Comptes, já haviam vazado na mídia dias após a operação.

Segundo o relatório, apenas 39% das salas do museu possuíam câmeras em 2024, e uma auditoria de segurança iniciada em 2015, que constatou que o museu não era suficientemente monitorado nem preparado para uma crise, só resultou em uma licitação para obras de segurança no final do ano passado.

“A conclusão do projeto levará vários anos e, segundo o museu, a previsão é de que só seja finalizada em 2032”, diz o relatório.

O texto afirma que a incapacidade do museu de atualizar sua infraestrutura foi agravada por gastos excessivos na compra de obras de arte, das quais apenas um quarto é exposto ao público, e por projetos de relançamento pós-pandemia, além de ineficiências e fraudes na venda de ingressos.

O relatório afirma que mesmo as iniciativas de desenvolvimento anunciadas este ano não foram baseadas em estudos de viabilidade, sejam eles técnicos ou financeiros, e não levaram em consideração as necessidades de pessoal.

O relatório apresentou 10 recomendações, incluindo uma redução no número de aquisições pelo museu, um aumento no preço dos ingressos e uma reformulação de sua infraestrutura digital e governança.

Diante de um “subinvestimento crônico em sistemas de informação”, afirmou o auditor, “o museu precisa fortalecer sua função de controle interno, que permanece subdesenvolvida para uma instituição do porte do Louvre”.

O crime apenas reforça algumas das considerações feitas no relatório, disse o chefe da auditoria, Pierre Moscovici, a jornalistas na quinta-feira.

“O roubo das joias da coroa foi, sem dúvida, um alerta estrondoso: este ritmo [de melhorias na segurança] está longe de ser suficiente”, disse Moscovici. “As autoridades estão agora percebendo que ouviram esses alertas.”

Ele afirmou que o Louvre possui fundos suficientes para as reformas necessárias e que “agora deve fazê-las sem falta”.

Após o roubo, as autoridades francesas disseram que o Louvre implementaria medidas de segurança adicionais, incluindo dispositivos anti-intrusão e barreiras anti-colisão em vias públicas próximas, até o final do ano.

Em janeiro, em meio a crescentes reclamações sobre a desorganização no museu, a França lançou um ambicioso projeto de desenvolvimento que inclui um novo espaço dedicado à Mona Lisa de Leonardo da Vinci, a pintura mais famosa do mundo, e novas medidas de segurança para proteger seus visitantes e valiosas peças em exposição.

Em declarações escritas publicadas pelo gabinete de auditoria, a Ministra da Cultura, Rachida Dati, afirmou concordar com a urgência do trabalho técnico e reiterou os apelos para medidas corretivas rápidas.

A diretora do Louvre, Laurence des Cars, afirmou no mesmo documento que apoiava a maioria das recomendações da auditoria, mas insistiu que o plano de transformação a longo prazo do museu é essencial para enfrentar seus desafios estruturais.

Com informações de CNN Brasil.

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