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Um incidente chocante ocorrido nesta terça-feira (12/11) no Rodoanel, em São Paulo, onde um motorista foi encontrado amarrado a um simulacro de bomba dentro de um caminhão, colocou em evidência as complexas reações do corpo humano ao estresse extremo. Após ser resgatado, em choque, o homem desmaiou nos braços de um policial, uma reação que especialistas atribuem a um choque emocional agudo.

Segundo o neurologista Flavio Sallem, do Hospital Japonês Santa Cruz, em São Paulo, diante de um risco real de morte, o cérebro ativa uma resposta urgente que envolve a liberação massiva de adrenalina e noradrenalina, preparando o corpo para lutar, fugir ou congelar. “Depois desse pico, o corpo pode fazer um movimento inverso, uma hipoativação abrupta do sistema nervoso autonômico”, explica Sallem.

O Que Acontece no Corpo em Situações de Choque

Em momentos de trauma e choque, o corpo passa por uma série de mudanças fisiológicas:

  • Ativação do Eixo HPA: O hipotálamo ativa o eixo hipotálamo–hipófise–adrenal.
  • Liberação Hormonal: Há uma liberação maciça de adrenalina e noradrenalina.
  • Sintomas Físicos: Aumento da frequência cardíaca, pressão arterial, dilatação das pupilas e hiperventilação.
  • Modo Sobrevivência: O fluxo sanguíneo é desviado para os músculos, priorizando funções essenciais para a sobrevivência e reduzindo temporariamente as não essenciais, como a digestão.

Essa sequência pode levar, em um segundo momento, a uma queda súbita da frequência cardíaca e dilatação dos vasos, resultando em uma baixa de pressão e, consequentemente, no desmaio. O corpo, exausto de estar em alerta, pode “desligar” temporariamente seu sistema de defesa, diminuindo a emissão de neurotransmissores e causando fraqueza, tremor e incapacidade de se manter de pé.

Reações Psicológicas e Pós-Trauma

Do ponto de vista psicológico, o psiquiatra Raphael Boechat, da Universidade de Brasília (UnB), descreve que o foco exagerado na situação pode gerar uma reação de colapso, conhecida como transtorno de estresse agudo. Isso pode se manifestar como um desmaio ou um distanciamento, uma sensação de anestesia, onde a pessoa fica desorientada no tempo e no espaço. Boechat ressalta que o desmaio, embora dramático, é uma reação rara.

É crucial monitorar a pessoa após um incidente de estresse agudo, prestando atenção em padrões de sono e apetite, além de quaisquer sintomas físicos persistentes. Médicos desaconselham o consumo de álcool e sedativos nas primeiras 48 a 72 horas.

Emocionalmente, o apoio de familiares e amigos, evitar o isolamento, manter uma rotina mínima de atividade física e não forçar relatos detalhados imediatamente são recomendações importantes. O paciente deve estar ciente de que reações como tremor, choro, insônia, imagens intrusivas, hipervigilância exagerada e alterações de humor são comuns após um grande trauma. Contudo, se a vida não retornar ao normal em cerca de 30 dias, é fundamental procurar atenção especializada para evitar que o trauma se consolide e evolua para um transtorno de estresse pós-traumático.

Com informações de Metrópoles

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