
A repercussão do vídeo em que a torcedora Ana Costa, do Avaí, profere ofensas racistas e xenofóbicas contra torcedores do Remo levou o caso a ser investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). As informações foram publicadas pelo G1.
As agressões verbais ocorreram no estádio da Ressacada, em Florianópolis, durante a partida válida pela Série B do Campeonato Brasileiro, no último sábado (15). Nas imagens, que rapidamente se espalharam pelas redes sociais, a torcedora aparece gritando frases ofensivas direcionadas ao grupo de torcedores paraenses. O episódio motivou forte reação pública e levou o inquérito a ser transferido para a Delegacia de Repressão ao Racismo e Delitos de Intolerância, considerada a unidade mais especializada para conduzir o caso. “Não vamos permitir que condutas como essa ocorram em nosso estado, sobretudo em estádio de futebol”, afirmou o delegado Paulo Caixeta, responsável pela investigação.
O que mostram as imagens
Durante o jogo, Ana Costa aparece rindo enquanto dispara sucessivas agressões verbais, incluindo ofensas sobre origem, condição econômica e cor da pele. Entre as frases registradas no vídeo estão:
— “Vai de jegue?”
— “O que é que tem no Pará? Seu feio!”
— “Gastou o salário para vir, agora vai embora a pé”
— “O prefeito não quer aqui em Floripa tu”
— “Olha a tua cor”
— “Pobre aqui não fica”
— “Quer comer? Está com fome? Ali tem a comidinha de graça” As falas ocorrem diante de outros torcedores. Um homem próximo a Ana também profere frases xenofóbicas, enquanto outro tenta alertá-la sobre o teor das agressões.
Investigações em andamento
A Polícia Civil apura a conduta não só da torcedora, mas também de outras pessoas que aparecem nas imagens. Com a mudança de delegacia, o depoimento de Ana Costa, inicialmente marcado para esta quarta-feira (19), será remarcado. A corporação investiga crimes previstos na Lei 7.716/1989, que trata de racismo, injúria racial e xenofobia. As penas podem chegar a cinco anos de prisão, dependendo do enquadramento.
O Ministério Público, por meio da 40ª Promotoria de Justiça, conduz procedimento próprio para avaliar os fatos. O órgão irá ouvir a torcedora e verificar eventuais providências adotadas pela direção do Avaí. Ao final, poderão ser recomendadas ações ao clube para prevenir novos episódios de discriminação.
Posicionamentos
A defesa de Ana Costa afirmou, por meio de nota, que a torcedora pede desculpas e que teria sido alvo de agressões verbais antes de proferir as frases registradas no vídeo. Além disso, sustenta que ela sofreu ataques pessoais no estádio. O Avaí e o Remo manifestaram repúdio às ofensas. As federações estaduais de futebol também foram comunicadas para avaliar medidas administrativas ou disciplinares no âmbito esportivo. O caso segue em apuração e novas diligências devem ser realizadas nos próximos dias para identificar todos os envolvidos e aprofundar a investigação.










