
Uma ocorrência grave envolvendo atraso no atendimento médico resultou na morte de um recém-nascido e abalou a população de Eirunepé, no interior do Amazonas. A jovem Gisele, de 18 anos, deu entrada no Hospital Regional Vinícius Conrado por volta das 4h da madrugada do último sábado (22), mas o médico de sobreaviso, o boliviano Humberto Fuertes Estrada, não compareceu ao plantão apesar das repetidas tentativas da equipe de acioná-lo. A bebê, que se chamaria Allana, morreu logo após o parto.
De acordo com funcionários da unidade, o trabalho de parto evoluiu rapidamente, e a equipe tentou contato insistentemente com o médico, sem retorno. Uma ambulância chegou a ser enviada à residência do profissional, mas ele não atendeu. Humberto só se apresentou ao hospital por volta das 9h, mais de cinco horas após a entrada da paciente. O parto foi realizado, porém a demora teria comprometido o estado da recém-nascida.
Testemunhas relataram que a bebê teria aspirado mecônio e restos de placenta, o que agravou o quadro. Ela morreu cerca de uma hora após o nascimento. O médico foi conduzido à delegacia da cidade para prestar esclarecimentos ainda na tarde de sábado.
Vereadores intervêm e cobram responsabilização
Assim que o caso chegou ao conhecimento da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, os vereadores Antilde José Gomes (presidente), Raigedson de Oliveira Lima, o “Rara”, e Ray Jose Gonçalves de Souza, o “Raí Publicidade”, foram ao hospital em busca de explicações. A direção informou que desde a madrugada vinha tentando localizar o médico, inclusive indo várias vezes até sua casa.
Diante da gravidade da situação, os parlamentares solicitaram formalmente à Polícia Civil que conduzisse o profissional para depor, visto que havia suspeita de negligência. O pedido foi atendido, e Humberto Fuertes Estrada foi levado à delegacia por volta de 15h30.
Familiares da jovem, profundamente abalados, relataram ao portal Eirunepé Notícias que jamais haviam visto um médico ser conduzido pela polícia por suspeita de omissão em atendimento. “Sempre teve erro, sempre teve descaso, mas nunca vimos um médico ser responsabilizado. Hoje os vereadores correram atrás, e isso dá força pra nossa família”, disse um parente que preferiu não se identificar.
Os vereadores afirmaram ainda que, caso seja comprovada negligência, irão encaminhar o caso ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM), destacando que o profissional já teria histórico de ausências em outros atendimentos.
Hospital prestou apoio à família
A direção do Hospital Regional de Eirunepé informou que a equipe prestou todo suporte à mãe, incluindo atendimento psicológico, e mobilizou todos os profissionais disponíveis para tentar salvar a bebê. Segundo a unidade, a ausência prolongada do médico plantonista foi determinante para o agravamento da situação.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil e continuará sendo acompanhado pela Comissão de Saúde da Câmara e pela gestão municipal. A família aguarda respostas e cobra justiça.










