A investigação sobre a morte do menino Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, ganhou novos desdobramentos nesta sexta-feira (28), após um dia inteiro de depoimentos no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP). A médica Juliana Brasil Santos e a técnica de enfermagem Raíssa Marinho foram ouvidas separadamente, e os relatos apresentados por ambas não coincidiram, segundo informou o delegado responsável pelo caso, Marcelo Martins.

De acordo com o titular, as versões das duas profissionais apresentaram divergências significativas, especialmente sobre o tempo de resposta no atendimento. A médica disse ter agido prontamente, enquanto a técnica afirmou que houve demora. As contradições levaram a Polícia Civil a determinar a realização de uma acareação para esclarecer os pontos conflitantes.

O delegado explicou que a morte de Benício não se resume a um único erro, mas a uma “cadeia de eventos”, que inclui não apenas a médica e a técnica, mas também falhas estruturais do próprio hospital, como a ausência ou má execução de protocolos de segurança.

Martins relatou que a médica declarou ter prescrito adrenalina por nebulização, mas que o sistema interno teria registrado a via intravenosa — usada pela técnica no momento do atendimento. Mesmo apontando a falha sistêmica, Juliana admitiu não ter revisado a prescrição antes da administração do medicamento, embora tenha informado verbalmente à mãe da criança sobre o modo correto de aplicação.

No depoimento, Raíssa afirmou não conhecer o “protocolo dos 12 certos da medicação”, procedimento básico que determina checagens essenciais antes de aplicar qualquer medicamento, como nome do paciente, dose, via e substância. A declaração surpreendeu o delegado, que também informou que a técnica teria atuado sozinha na pediatria durante o atendimento, sem supervisão de enfermeiros — uma circunstância que aponta, segundo ele, para falha de gestão da unidade hospitalar.

O delegado também esclareceu que a médica possui título de especialista em pediatria, embora o carimbo com a indicação da especialidade ainda seja analisado para verificar eventual repercussão criminal.

Além dos depoimentos, a polícia tem em mãos um extenso volume de imagens internas do hospital, descritas pelo delegado como “muito fortes”, que serão anexadas ao inquérito para auxiliar na reconstrução dos fatos e identificação de responsabilidades.

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