Donald Trump a bordo do Air Force One • 25/11/2025 REUTERS/Anna Rose Layden

Apesar da crescente tensão entre Estados Unidos e Venezuela, e após o republicano Donald Trump afirmar que o espaço aéreo venezuelano deve ser considerado “totalmente fechado”, o governo brasileiro só deve endurecer o tom contra a Casa Branca caso haja algum ataque contra o território venezuelano.

Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam que uma postura mais veemente deve surgir — por todos os canais institucionais — somente se Trump passar da ameaça ao efetivo uso da força contra o país ou contra o regime de Nicolás Maduro.

Na avaliação do governo Lula, no momento, o Brasil precisa calibrar o tom das declarações para não perder a capacidade de atuar como um eventual mediador entre os Estados Unidos e a Venezuela, caso os dois países queiram.

Recentemente, o presidente brasileiro criticou de forma enfática os ataques norte-americanos a embarcações no Caribe e no Pacífico.

“A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional”, afirmou.

No mesmo discurso, realizado na Cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos) e da União Europeia, ele também fez uma crítica que pode ser interpretada como uma indireta para Nicolás Maduro, ao afirmar que “projetos pessoais de apego ao poder solapam a democracia”.

Lula, no entanto, não se pronunciou sobre a ameaça de Trump a aeronaves que sobrevoem o espaço aéreo venezuelano.

Eventual ataque à Venezuela

Fontes do Planalto que falaram sob reserva não acreditam, até o momento, que o Pentágono realizará uma operação militar com desembarque de tropas na Venezuela.

A leitura é de que os EUA devem manter o contexto de ameaça e crescente tensão para desestabilizar e fraturar internamente a alta cúpula do regime de Maduro e as Forças Armadas do país.

Bombardeiro simula ataque aéreo no Mar do Caribe • Divulgação Air Forces Southern
Bombardeiro simula ataque aéreo no Mar do Caribe • Divulgação Air Forces Southern

Para as fontes, eventuais ataques, se realmente ocorrerem, devem ser pontuais e “de forma altamente cirúrgica”.

A avaliação é de que a administração republicana está testando a estratégia das crescentes ameaças para avaliar até que ponto pode criar fissuras no apoio a Maduro.

Temor a criticar Trump

A falta de instâncias regionais para uma manifestação coletiva contra as ameaças de Trump é outro fator apontado por interlocutores de Lula sobre a escassez de pronunciamentos mais enfáticos.

Isso se deve não somente ao enfraquecimento de organismos regionais, mas também ao medo dos países de acabarem sofrendo retaliações de Trump em caso de críticas públicas.

O temor faz com que mesmo os governos críticos à postura dos EUA em relação à Venezuela acabem intimidados e prefiram não se manifestar.

Espaço aéreo da Venezuela

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou, por sua vez, que o anúncio de Trump sobre o fechamento do espaço aéreo venezuelano “é completamente ilegal” e pediu uma reunião imediata da Organização da Aviação Civil Internacional.

“Não há autorização do Conselho de Segurança da ONU para ações militares sobre nosso vizinho. O Senado dos EUA não deu autorização para uma intervenção armada. A ordem internacional deve ser preservada e a América Latina e o Caribe devem afirmá-lo sem temor”, escreveu na rede social X.

Petro disse ainda que “nenhuma companhia aérea deve aceitar ordens ilegais sobre o espaço aéreo de nenhum país”.

A afirmação de Trump foi feita após a Administração Federal de Aviação dos EUA emitir uma notificação para operadores aéreos alertando sobre potenciais perigos de sobrevoos, pousos e decolagens no espaço aéreo da Venezuela devido à militarização da região.

O alerta levou a que diversas companhias aéreas suspendessem voos para a Venezuela. Em resposta, o regime chavista deu um prazo de até 48 horas para que as empresas retomassem as rotas e, diante da negativa, revogou licenças de seis delas para operar no país.

Com informações de CNN Brasil.

Artigo anteriorHomem que atirou seis vezes contra ex-companheira já foi preso por roubo
Próximo artigoBruna Biancardi e Neymar surgem em clique raro durante festa temática