
A investigação sobre a morte do menino Benício Xavier, de 6 anos, ganhou novos desdobramentos nesta segunda-feira (1º). A Polícia Civil do Amazonas confirmou que são verdadeiras as mensagens atribuídas à médica Juliana Brasil Santos, nas quais ela admite ter cometido um erro ao prescrever adrenalina para a criança, que não resistiu às complicações após atendimento no Hospital Santa Júlia, em Manaus.
A confirmação foi dada pelo delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP). Segundo ele, o médico Enryko Garcia de Carvalho Queiroz, destinatário das mensagens, compareceu espontaneamente à delegacia e reconheceu o conteúdo das conversas.
“O doutor Enryko foi intimado no domingo e se colocou à disposição para vir hoje. Confirmou a veracidade e o contexto em que aquelas mensagens foram trocadas”, explicou o delegado.
Nas conversas, que circularam nas redes sociais, Juliana aparece desesperada, pedindo ajuda ao colega.
Em um dos trechos, ela afirma: “Pelo amor de Deus. Eu errei a prescrição. Me ajuda”.
Em outro momento, ao enviar a foto de um monitor cardíaco, descreve estar em “desespero” e solicita orientação para conseguir um leito de UTI.
A resposta do médico demonstra que ele buscou orientá-la:
“Juliana está em todas as mesas do consultório. Assume o paciente na tela. Não lembro de cabeça”, respondeu.
Nova acareação marcada
O delegado Marcelo Martins também informou que uma acareação entre a médica e a técnica de enfermagem envolvida no caso está marcada para esta quinta-feira (4). O objetivo é esclarecer divergências identificadas nos depoimentos já prestados.
Dor e cobrança da família
Enquanto a investigação avança, os pais de Benício, Joyce Xavier e Bruno Freitas, relataram o sofrimento que enfrentam desde a morte do filho, ocorrida há uma semana. Eles voltaram a pedir justiça e descreveram o impacto emocional vivido após a perda trágica.
Bruno lamentou o vazio deixado pela ausência do menino:
“Naquele dia o coração do nosso filho queimou, hoje o nosso coração sangra. É difícil ver a Joyce acordar pela manhã e lembrar que ele não está mais aqui. Não posso fazer nada além de tentar dar força para seguirmos.”
A família explicou que levou Benício ao hospital por sintomas de gripe, febre e um quadro de possível laringite.
O menino chegou ao Santa Júlia andando, consciente e se alimentando, mas, horas depois, acabou entubado mais de uma vez e não resistiu.
“Ele entrou apenas com tosse seca. Tomou água, tomou o xarope sozinho. Depois disso piorou e foi entubado. Fiquei sabendo que o procedimento teve que ser refeito mais de uma vez. Eu não sei o quanto meu filho sofreu”, relatou Bruno.
Já a mãe, visivelmente abalada, disse ter confiado plenamente no hospital, onde o filho nasceu.
“Eu confiava totalmente. Perguntei várias vezes se ele ficaria bem, se teria alguma sequela. Todos diziam que sim. E não foi isso que aconteceu. Meu filho não voltou para casa”, desabafou Joyce.
A Polícia Civil segue investigando o caso para determinar responsabilidades e reunir todos os elementos que integram o inquérito.










