
O papa Leão XIV pediu nesta terça-feira (2/12) o fim “dos ataques e das hostilidades” no Líbano, alvo de vários bombardeios israelenses, apesar da trégua com o movimento islamista libanês Hezbollah vigente há mais de um ano.
“Precisamos reconhecer que a luta armada não traz benefícios. As armas são letais, mas a negociação, a mediação e o diálogo são construtivos. Escolhamos todos a paz como caminho, e não apenas como objetivo”, declarou o líder da Igreja Católica, que encerra nesta terça-feira três dias de visita ao Líbano.
“O Oriente Médio precisa de novas abordagens para rejeitar a mentalidade de vingança e violência (…) e abrir novos capítulos em nome da reconciliação e da paz”, disse o papa durante uma missa ao ar livre na orla marítima de Beirute.
O Líbano viveu uma guerra sangrenta com Israel há um ano e teme uma nova escalada apesar do cessar-fogo. Após uma recente intensificação dos ataques aéreos, Israel não realizou bombardeios durante a visita do papa.“Que cessem os ataques e as hostilidades”, declarou o chefe da Igreja Católica em um discurso no aeroporto de Beirute antes de embarcar.
“A paz como caminho”
O papa foi recebido com fervor no pequeno país, última etapa de sua primeira viagem internacional, que inicialmente o levou à Turquia.
Desde o amanhecer, fiéis — muitos vindos de países do Oriente Médio — chegaram em massa, carregando bandeiras do Vaticano e do Líbano.
“É um sinal de esperança para o Líbano”, disse à AFP Elias Fadel, de 22 anos. “Espero que não haja guerra”, acrescentou o jovem, refletindo a preocupação que prevalece no país.
“Espero que a paz reine neste belo país que reúne todas as confissões e religiões”, disse Sandra Naïm, de 37 anos.
Oração silenciosa
Antes da missa, o papa rezou no local da explosão do porto de Beirute, que devastou várias áreas da capital em 2020 e deixou mais de 220 mortos.
O sumo pontífice abençoou os familiares das vítimas, muitos emocionados às lágrimas e carregando retratos de seus entes queridos.
“Precisamos de justiça para nossos irmãos e para todas as vítimas dessa explosão”, declarou Cécile Roukoz, advogada que perdeu o irmão na catástrofe.
O papa afirmou que essa visita ao porto o havia “profundamente tocado”. “Rezei por todas as vítimas e carrego comigo a dor e a sede de verdade e justiça de tantas famílias, de todo um país”, disse.
Cinco anos após a tragédia, o caso está parado, já que dirigentes políticos bloquearam a investigação.
A explosão foi provocada por um incêndio em um depósito onde estava armazenado, sem precauções, nitrato de amônio, apesar de repetidos alertas às mais altas autoridades.
“Pai dos esquecidos”
Na manhã de terça-feira, Leão XIV também visitou um hospital psiquiátrico administrado por religiosas perto de Beirute, onde foi recebido com aplausos.
Marie Makhlouf, madre superiora das Irmãs Franciscanas da Cruz, agradeceu ao papa, chamando-o de “pai dos esquecidos e marginalizados”.
Apesar do papel político importante desempenhado pelos cristãos no Líbano — único Estado árabe onde o cargo de presidente da República é reservado a essa comunidade —, seu número diminuiu nas últimas décadas, sobretudo devido aos jovens que deixam o país.
O chefe da Igreja Católica também pediu aos cristãos do Oriente que demonstrem “coragem”.
“Toda a Igreja olha para vocês com afeto e admiração”, assegurou.










