Russos e ucranianos negociam há várias semanas um plano de paz proposto pelos Estados Unidos para encerrar o pior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
No sábado, Volodymyr Zelensky declarou ter tido uma conversa telefônica “longa e substancial” com Jared Kushner, genro do presidente americano, e Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump.
Questionado na noite de domingo, durante um jantar de gala em Washington, Trump criticou Zelensky por não ter “lido” seu plano para a Ucrânia.
“Falamos com o presidente Putin, falamos com os líderes ucranianos, incluindo o presidente Zelensky, e devo dizer que estou um pouco decepcionado com o presidente Zelensky, que não leu a proposta”, declarou Trump.
“Isso agrada à Rússia, acho que a Rússia gostaria de ter todo o país”, mas “não tenho certeza se isso agrada ao presidente Zelensky”, acrescentou o bilionário republicano, que se aproximou de Moscou desde que voltou à Casa Branca há quase um ano.
Em meio à polêmica, o presidente ucraniano participa nesta segunda, em Londres, de uma reunião com o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o chanceler alemão Friedrich Merz.
Os três líderes e vários membros da Coalizão dos Voluntários vão se encontrar para analisar as negociações que estão em andamento em Washington, Moscou e Kiev.
O objetivo dos europeus, que estão excluídos do processo desde a divulgação do plano de Trump, é tentar influenciar as discussões.
A proposta americana de paz para a Ucrânia, de 28 pontos, foi apresentada em 20 de novembro. Washington está mediando as conversas com Moscou e Kiev, mas os europeus esperam que as garantias de segurança exigidas pelos ucranianos sejam respeitadas.
O presidente ucraniano espera obter o compromisso de que os russos não voltariam a atacar a Ucrânia após o fim do conflito.
Os Estados Unidos afirmam que as discussões avançam e, neste domingo (7), o emissário americano Keith Kellogg assegurou que um acordo para pôr fim à guerra estava “muito próximo”, mas reconheceu que o Kremlin exigia modificações “radicais”.
Segundo ele, o futuro da região de Donbass e o da usina nuclear de Zaporíjia, a mais poderosa da Ucrânia, são duas questões de difícil consenso. “Se esses dois pontos forem resolvidos, o resto será resolvido”, garantiu. Zelensky considera “construtivas” as discussões realizadas entre ucranianos e americanos na Flórida.
A pressão continua no front. Em uma semana, mais de 1.600 drones de ataque, 1.200 bombas aéreas guiadas e 70 mísseis russos atingiram a Ucrânia, afetando infraestruturas ferroviárias, energéticas e civis. No sul do país, muitos habitantes estão sem eletricidade e aquecimento, e as temperaturas giram em torno de 5 graus.
EUA publicam estratégia de segurança nacional
A Casa Branca publicou, no fim de semana, a nova estratégia americana de segurança nacional. O documento, de cerca de 30 páginas, detalha as prioridades estratégicas dos EUA e considera que a Europa corre risco de “apagamento civilizacional” dentro de cerca de 20 anos, se sua trajetória ideológica não for corrigida.
Segundo a publicação, é necessário ajudar a Europa apoiando partidos que compartilhem os valores dos Estados Unidos de Donald Trump, de extrema direita, como já havia dito o vice-presidente JD Vance em fevereiro, na conferência de Munique.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a estratégia de segurança americana está ‘alinhada’ à visão do Kremlin, em uma mensagem clara à Ucrânia. As informações são de RFI.