O primeiro Natal sem o pequeno Benício Xavier de Freitas foi marcado por dor, silêncio e reflexão para a família. O menino, que morreu após receber uma dose errada de adrenalina aplicada por via intravenosa em um hospital particular de Manaus, completaria 7 anos nesta quinta-feira (25), data que, além do significado religioso, intensificou a comoção em torno do caso.

Benício morreu na madrugada do dia 24 de novembro, após dar entrada no Hospital Santa Júlia com tosse seca e suspeita de laringite. Segundo a família, houve erro na medicação administrada durante o atendimento. O caso é investigado pela Polícia Civil do Amazonas e também é apurado pelo Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam).

Na véspera de Natal, o pai da criança, o professor Bruno de Freitas, coordenador de qualidade na Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), publicou um vídeo nas redes sociais em que falou sobre o luto e o impacto do primeiro Natal sem o filho.

“É um momento de muito aprendizado que nós estamos tendo, eu e a Joyce, durante o nosso luto. A gente vai ter que se acostumar. Primeiro Natal, primeiro aniversário dele, que vai ser amanhã, primeiro Ano-Novo que vamos viver sem a presença do Benício”, disse.

Segundo Bruno, a família ainda tenta aprender a conviver com a dor da ausência. “Esse vazio que a gente sente no coração, muitas vezes ele grita de tanta dor. A gente sabe que nada vai trazer o Ben de volta”, afirmou.

O pai lembrou que o menino aguardava com alegria tanto o Natal quanto o próprio aniversário, datas em que esperava reunir a família e os amigos. “São momentos que só trazem recordações muito boas, principalmente da felicidade que ele teria”, relatou.

Diante da fragilidade emocional, a família decidiu passar o Natal de forma reservada, em casa. “A gente não tem cabeça, não tem ânimo para comemorar qualquer coisa. Nosso sentimento hoje é de pensar e repensar”, explicou.

Apesar de reconhecer o significado cristão da data, Bruno afirmou que, neste momento, a dor da perda se sobrepõe. “A gente sabe que o Natal é o nascimento de Jesus, mas infelizmente, para nós, estamos pensando muito na questão da morte pelo que aconteceu com o Benício. É um momento muito doloroso.”

Em um dos trechos mais emocionantes do relato, o pai lembrou das palavras do próprio filho durante o atendimento médico. “Ele viu a nossa dor, o nosso sofrimento, e pediu calma. Ele disse: ‘Calma, pai, vai ficar tudo bem’. Falou a mesma coisa para a mãe dele”, contou.

Ao final do vídeo, Bruno fez um apelo às famílias. “Abracem seus filhos, abracem quem vocês amam. A gente nunca sabe quando vai ser o último abraço, o último beijo, o último carinho”, disse.

O pai também afirmou que a despedida não foi definitiva. “Para nós, não foi um adeus, é apenas um até logo. A gente acredita que, quando formos para uma vida melhor, ele vai estar lá esperando a gente”, declarou.

O caso de Benício segue sob investigação, enquanto a família aguarda respostas e mantém viva a memória do menino, descrito pelo pai como carinhoso, abençoado e cheio de amor.

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