São Paulo — As joias encontradas com o empresário Vinicius Gritzbach, delator do PCC que foi assassinado a tiros, na última sexta-feira (8/11), em um terminal de desembarque do Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana, teriam sido recebidas como pagamento de uma dívida durante uma viagem a Maceió.
Dentre os itens de valor, havia anéis com pedraria, pulseiras, colares, brincos e relógios. O conjunto é avaliado em R$ 1 milhão.
Dois seguranças, entre eles um policial militar, identificado como Samuel, foram pegar as joias com o suposto devedor, em uma praia, a mando de Vinicius.
O empresário estava no estado alagoano para ver imóveis para alugar, segundo o advogado Ivelson Salotto, que defendia Vinicius em dois processos e agora representa dois policiais militares que faziam sua segurança, incluindo o Samuel.
“Ele [Vinicius] recebeu uma ligação, de uma pessoa que tinha dívida com ele. [Ela falou] que queria começar a pagar a dívida, para mandar os meninos dele irem em tal lugar buscar uma bolsa com joias. Esse policial, o Samuel, não sabia o que era, só acompanhou”, disse o advogado.
Ivelson afirmou que a bolsa com joias serviu como “isca”. “Foram as joias que identificaram a posição dele, uma localização muito precisa. Poderia ter um GPS [junto com as joias].”
Samuel estava junto com Vinicius no voo de Maceió para São Paulo, na última sexta-feira (8/11). Após desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o empresário foi executado por homens encapuzados — que fizeram 29 disparos com fuzis.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse nessa segunda-feira (11/11), que os policiais militares que faziam a segurança de Vinícius já eram investigados pela Corregedoria da PM em razão do serviço prestado ao empresário, réu por homicídio e acusado de lavar dinheiro para a facção.
Vinicius era jurado de morte pelo PCC por estar supostamente envolvido no assassinato de dois membros da maior facção do Brasil, entre eles um chefão. Ele havia sido alvo de uma tentativa de homicídio, a tiros, na noite de Natal do ano passado.
PMs investigados
Os policiais militares (PMs) responsáveis pela segurança de Vinícius Antônio Gritzbach foram afastados das atividades na corporação e passaram a ser investigados.
Nos primeiros depoimentos prestados, eles disseram que, momentos antes do ataque ao empresário, pararam em posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada dele, que voltava de uma viagem a Maceió.
Segundo eles, quando decidiram ir em direção ao aeroporto, uma caminhonete não funcionou. Apenas um dos PMs teria ido até o local.
Câmeras de segurança do aeroporto registraram o momento em que dois homens de capuz descem de um carro preto e disparam contra Gritzbach. Ele morreu na hora. Um motorista de aplicativo, atingido por uma bala perdida, também morreu.
O advogado Ivelton Salotto, que defendia Gritzbach em dois processos, afirma que o empresário havia solicitado proteção ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). A solicitação, porém, não teria sido atendida.
O pedido ocorreu pouco antes de fechar um acordo de delação, com o qual ajudou na investigação de um núcleo do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvido com a lavagem de dinheiro.
Gritzbach chegou a ficar preso, preventivamente, pela acusação de duplo homicídio. Ele foi solto, em junho do ano passado, por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para responder às acusações em liberdade. Fontes do Judiciário paulista afirmaram ao Metrópoles, na ocasião, que a soltura representava riscos à vida do empresário.
Crime
Conforme apurado pelo Metrópoles, o empresário foi morto com um tiro de fuzil no rosto na sexta-feira (8/11). Os filhos foram buscá-lo com quatro seguranças, todos PMs. O carro da filha quebrou e ficou em um posto, e o filho seguiu ao encontro do pai com os quatro seguranças.
Imagens do circuito de segurança mostram o momento em que um carro para na área de desembarque, dois homens encapuzados descem do veículo, vestindo coletes à prova de balas e portando fuzis.
Assim que o empresário se aproxima, os assassinos começam a atirar. São 29 disparos, segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles. Pelo menos um disparo atingiu o rosto do empresário. Dois seguranças ficaram feridos. Os atiradores entram no carro e fogem do local. Pouco depois, o veículo utilizado no crime foi localizado pela Polícia Militar.