Papéis da Gol despencaram nesta terça — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

As ações da Gol fecharam com queda de 26,97%, a R$ 2,87, em dia de despedida do Ibovespa. Nesta terça, a B3 anunciou que excluiria o papel de dez índices após o pregão e que o papel seria listado sob o título de “Outras Condições”.

A decisão de retirada do ativo do IBOV, IBRA, IBXX, ICO2, IDVR, IGCT, IGCX, ITAG, IVBX e SMLL se deu por um protocolo da Bolsa, que veda a participação de empresas em recuperação judicial.

De acordo com levantamento do consultor de dados financeiros, Einar Rivero, a companhia aérea acumula perdas de R$ 2,55 bilhões neste ano, com uma queda de R$ 444 milhões apenas neste 30 de janeiro. Atualmente, seu valor de mercado está em R$ 1,2 bilhão.

Em menos de uma semana, ação perde metade do valor

Desde o último dia 24, véspera de a Gol entrar com pedido de recuperação judicial, as ações da aérea já perderam mais da metade do seu valor, saindo R$ 6,65 para R$ 2,87 seis dias depois. Nesta terça, o papel atingiu a mínima de R$ 2,52.

O Bradesco BBI reduziu na última semana o preço-alvo do ativo em 90%, passando de R$ 10 para R$ 1. Além disso, a instituição apontou que a reestruturação dos passivos pode levar a uma diluição de até 99% da participação dos acionistas minoritários.

Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, acredita que a forte queda dos papéis se deve à venda do ativo por fundos passivos, aqueles que replicam estratégias de alguns índices:

—A exclusão dessa empresa de dez índices diferentes causa impacto de venda porque o gestor tem a obrigação de vender imediatamente o papel, já que o objetivo do fundo é seguir o modelo do índice.

Bruno Komura, da Potenza Capital, diz acreditar que a Gol conseguirá se reestabilizar com negociações de dívidas. No entanto, não descarta a possibilidade de um follow-on (oferta de ações) para levantar capital, mesmo achando improvável. Para ele, isso aumenta o mau-humor dos investidores que teriam suas posições diluídas na empresa.

O mercado ainda repercute a descoberta, por meio de um demonstrativo não auditado, que a Gol terminou 2023 devendo R$ 20,1 bilhões.

Apesar de a companhia aérea ter obtido aprovação da Justiça de Nova York para um empréstimo de US$ 350 milhões (chamado “DIP financing”), é necessário ainda mais capital. A expectativa é que os US$ 600 milhões restantes sejam liberados apenas numa etapa mais adiante do Chapter 11 e sob algumas condições.

Com informações de O GLOBO

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