À esquerda, a advogada Adriane Magalhães, que representa o pai da vítima; à direita, Rafaela Coelho Ramires e Vitória Coelho Dutra, acusadas pela morte da criança em Manaus.

O caso da menina de 5 anos morta em Manaus, cuja mãe, Rafaela Coelho Ramires, 22, e a madrasta, Vitória Coelho Dutra, 25, estão presas acusadas de homicídio, continua repercutindo. O pai da vítima, Oziel Pereira, morador de Fonte Boa, viajou à capital para receber o corpo da filha no Instituto Médico Legal (IML). A defesa dele, representada pela advogada Adriane Magalhães, aponta falhas das autoridades e diz que a tragédia poderia ter sido evitada.

Segundo a advogada, havia denúncias registradas desde o início deste ano sobre maus-tratos sofridos pela criança. O Ministério Público teria ajuizado ação em março, pedindo acompanhamento e laudos técnicos sobre a situação da vítima. No entanto, segundo ela, as medidas não avançaram.

“Se as autoridades tivessem dado atenção de fato à denúncia feita desde o começo do ano, essa criança estaria viva. O Conselho Tutelar também tem responsabilidade e, se ficar provada omissão, o conselheiro será tão responsável quanto as homicidas”, declarou Adriane.

Histórico de violência ignorado

De acordo com a defesa, vizinhos e até familiares chegaram a denunciar marcas de agressões no corpo da menina. Em uma das situações, amigos da criança perceberam hematomas no rosto, mas, ainda assim, a mãe e a madrasta continuaram com a guarda. A advogada destacou que ambas chegaram a mudar de residência para dificultar a fiscalização, mesmo após o caso ser judicializado.

“Essa criança foi impedida de conviver com o pai. Ele tentava se aproximar, mas era bloqueado pela mãe e pela companheira dela. A família paterna também foi afastada. Foi uma sucessão de descasos que culminou na morte dessa menina”, afirmou Adriane.

Relatos de tortura

O laudo inicial do IML e as fotos feitas pelo próprio pai da vítima revelam diversas lesões: hematomas nas costas, braços, orelhas, rosto e sinais de asfixia. A advogada classificou o crime como “tortura seguida de homicídio”, descartando a versão apresentada pelas acusadas de que a criança teria sofrido um acidente doméstico.

“Não foi queda no banheiro nem acidente de bicicleta. As lesões demonstram violência brutal, incluindo afundamento de crânio e trauma abdominal. A investigadora do caso constatou que o ambiente do suposto acidente não corresponde aos ferimentos. Foi tortura, maus-tratos e assassinato cruel”, completou Adriane.

Busca por justiça

Oziel, profundamente abalado, acompanha o caso em Manaus com apoio jurídico. A expectativa da defesa é de que novas diligências do Ministério Público confirmem a omissão do Conselho Tutelar e que os responsáveis sejam afastados e punidos.
“Esperamos que essas duas assassinas passem muitos anos na prisão e que os órgãos que falharam também respondam”, concluiu a advogada.

As investigações seguem em andamento. Rafaela e Vitória permanecem presas preventivamente e à disposição da Justiça.

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