Em vídeo postado nas redes sociais Mara Lima mostra as agressões físicas sofridas de acordo com ela cometidas por um religioso, "o boi é do demônio, é do inimigo" (Fotos Reprodução de vídeo)

Nesta quinta-feira (18), Mara Lima, conhecida cantora e levantadora de toadas do boi Caprichoso, utilizou suas redes sociais para denunciar um ataque violento que sofreu na última quarta-feira (17), em Manaus. Aos 46 anos, a artista foi agredida fisicamente por um religioso que a criticou por usar uma blusa representando o boi bumbá, uma expressão cultural popular do Amazonas.

No vídeo publicado, Mara detalha o ataque chocante, onde foi surpreendida com um soco no nariz e sofreu outras lesões, incluindo escoriações causadas por uma chave de carro e uma tentativa de mordida nos seios. “Eu tentei me defender sim, porque eu não ia apanhar de graça, ainda mais sem saber por quê”, relatou a cantora. Segundo ela, o agressor foi detido pela Polícia Militar do Amazonas, que interveio a tempo de evitar maiores danos.

A agressão provocou uma forte reação das organizações culturais de Parintins e Manacapuru. Tanto o boi Caprichoso quanto o boi Garantido, principais representantes do Festival Folclórico de Parintins, emitiram declarações condenando o ataque e enfatizando a necessidade de respeito pela diversidade cultural e religiosa. “A intolerância mata. Somos cultura e resistência”, afirmou o boi Caprichoso em um comunicado.

Além dos bois bumbás, as cirandas Flor Matizada e Guerreiros Mura, de Manacapuru, também manifestaram seu apoio a Mara Lima. A Flor Matizada destacou em uma nota no Instagram: “Demoníaco é o ódio, a intolerância, o preconceito, o desamor, a maldade e a violência que caracterizam o verdadeiro inimigo escondido na pele de cordeiro, mas que age como besta-fera.”

Este incidente ressalta a persistente questão da intolerância religiosa no Brasil, um país conhecido por sua diversidade cultural. A comunidade artística e cultural da região, juntamente com a população em geral, expressa solidariedade à Mara Lima e reforça a mensagem de que o respeito mútuo é essencial para a convivência pacífica.

Mara Lima, com uma longa carreira dedicada à promoção da cultura amazônica por meio de sua música, representa não apenas a resistência cultural, mas também a luta contra a intolerância. “É triste e inadmissível que em pleno 2024 a gente ainda viva certas situações”, lamentou a cantora, ecoando o sentimento de muitos que esperam um futuro mais inclusivo e respeitoso.

Confira Relato de Mara Lima

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