Um debate acalorado na Assembleia Legislativa do Amazonas foi marcado pela denúncia da deputada estadual Alessandra Campelo (Podemos) contra a violência política de gênero, após o episódio envolvendo a vereadora Professora Jacqueline (União Brasil) na Câmara Municipal de Manaus na última terça-feira (27/02).

Alessandra Campelo subiu o tom ao exibir um vídeo que circula nas redes sociais, mostrando um grupo de vereadores tentando intimidar a vereadora no momento em que ela falava na tribuna do Legislativo Municipal.

A deputada condenou veementemente a atitude dos vereadores, destacando que se tratava de uma clara manifestação de violência contra a mulher.

“É lamentável. Vários vereadores homens com dedo em riste gritando com a vereadora, impedindo a vereadora de se pronunciar. Isso é violência contra a mulher, principalmente partindo de um homem que tem uma compleição física inclusive maior que a da vereadora. Quero me solidarizar com a vereadora Professora Jacqueline pela violência sofrida”, afirmou Alessandra.

A deputada informou que a Procuradoria Especial da Mulher da ALEAM está disponível para prestar atendimento psicossocial e jurídico à vereadora. Além disso, Alessandra anunciou que levaria o caso à Ouvidoria da Mulher do Tribunal Regional Eleitoral e ao Ministério Público, como parte da rede de proteção às mulheres que atuam na vida pública.

“A Procuradoria da Mulher vai fazer uma representação ao TRE-AM e ao Ministério Público do Estado por violência política de gênero. Isso é crime e, para quem não lembra, a primeira prisão do prefeito de Borba (Simão Peixoto) foi por violência política de gênero, o primeiro caso no Brasil”, ressaltou Alessandra.

O debate que se seguiu foi marcado por quase uma hora de intensas discussões. Campelo recebeu apoio em apartes de diversos deputados, incluindo Roberto Cidade (União Brasil), Ednailson Rozenha (PMB), Débora Menezes (PL), Wilker Barreto (Cidadania) e João Luiz (Republicanos). No entanto, houve divergência por parte do deputado Daniel Almeida (Avante), irmão do prefeito David Almeida, que contestou a caracterização do episódio como violência política de gênero.

“A mulher falar que houve violência contra ela e acontecer o fato são coisas totalmente diferentes. […] Nesse eu acredito que não houve nenhum tipo de violência”, declarou Daniel.

Alessandra Campelo prontamente rebateu as afirmações de Daniel Almeida, reafirmando a gravidade do ocorrido e rejeitando qualquer tentativa de minimizar a situação.

“Aqui dentro da Assembleia o senhor não vai defender agressor não. Porque eu não vou permitir, a gente vai para o debate. Nesta Casa, onde eu estou ninguém defende agressor e eu fico calada”, disparou a deputada.

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