O câncer de bexiga é o décimo tipo de tumor mais comum no mundo e, apesar de assustar, tem boas taxas de cura quando identificado em suas primeiras fases. Ainda assim, o diagnóstico precoce é um grande desafio: os sintomas, muitas vezes, são negligenciados pelo paciente, e o tumor tem grandes chances de se espalhar por outras regiões do corpo. Quanto mais tarde se identifica o câncer, mais complicado é o tratamento.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) em 2020, estima-se que sejam diagnosticados mais de dez mil casos por ano da doença no Brasil. Entre eles, 7.590 são entre homens e 3.050, em mulheres. Por ser descoberto tradicionalmente tarde, a mortalidade do câncer de bexiga chega a mais de 43%.
“É preciso observar a urina e ver se há presença de sangue. Além disso, atentar-se à dor ou queimação na hora de urinar e à mudanças nos hábitos urinários, tanto em relação ao fluxo, como na vontade de urinar mesmo com a bexiga vazia, e aumento na frequência de idas ao banheiro”, explica o oncologista Paulo Lages, da Onco Vida.
A doença se desenvolve em fases e de maneira progressiva. Nos primeiros sinais de qualquer anormalidade, a indicação é procurar um urologista para investigar as causas e, se for o caso, dar início ao tratamento.
Veja alguns mitos e verdades sobre o câncer de bexiga:
1. Sangue na urina é o principal sintoma?
Verdade. Mas, apesar de ser o principal sintoma do câncer de bexiga e estar presente em cerca de 90% dos casos, ele não é o único sinal da doença. Outras manifestações comuns são dor ao urinar, incontinência urinária, vontade de urinar frequente, cansaço, dor abdominal, dor na lombar e perda de peso.
“Quando a urina fica com a coloração diferente, alaranjada, vermelha brilhante ou rosa, é mais fácil de notar. No entanto, nos estágios iniciais, o sangue pode ser imperceptível, sendo constatado apenas em exames solicitados pelo médico”, relata Lages.
O sangue na urina também pode ser sinal de outras doenças menos graves, como a infecção urinária, e, por isso, é preciso investigar com a ajuda do profissional de saúde.
2. Câncer de bexiga só acomete homens?
Mito. “Ainda que os homens continuem entre os pacientes mais prevalentes, a incidência da doença em mulheres vem aumentando nos últimos anos. Isso se dá muito provavelmente por conta de mudanças no estilo de vida, como adoção do tabagismo e ganho de peso”, enfatiza o oncologista.
3. Tabagismo é a principal causa?
Verdade. Apesar de ser relacionado com mais frequência ao câncer de pulmão, o tabagismo também é o principal fator de risco para o câncer de bexiga, e é responsável por pelo menos 70% dos casos. Os fumantes têm até quatro vezes mais chances de apresentar a doença em comparação a quem não fuma.
“Sabemos que o cigarro pode liberar um número muito grande de compostos cancerígenos no organismo e eles podem atacar as células do revestimento da bexiga, originando os tumores. Mesmo quem apenas inala a fumaça, ou seja, é fumante passivo, corre risco de desenvolver a doença”, afirma Lages.
Outra causa importante para o desenvolvimento do câncer de bexiga é a exposição a agentes químicos, como ocorre com as pessoas que trabalham nas indústrias têxtil e siderúrgica, por exemplo.
4. Todos cânceres de bexiga são iguais?
Mito. Além do estilo de vida, o câncer de bexiga pode ser causado por mutações genéticas. O oncologista Lages explica que a recomendação médica é fazer um teste para identificar onde está a alteração e chegar a um tratamento mais apropriado para cada caso.
5. Câncer de bexiga tem cura?
Verdade. Como a maioria dos cânceres, o de bexiga tem cura, principalmente se for detectado no início. O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura, por isso deve-se procurar ajuda especializada desde os primeiros sintomas.
“A partir do relato do paciente, o médico investiga a presença da doença por meio de exames e, dependendo da agressividade, é possível fazer a remoção do tumor via cirurgia, aumentando muito as chances de cura”, conclui.
Tratamento
As opções de tratamento dependem da extensão e do grau de evolução da doença. Existem três tipos de cirurgia que podem ser realizadas:
- Ressecção transuretral (quando o médico remove o tumor por via uretral);
- Cistotectomia parcial (retirada de uma parte da bexiga);
- Cistotectomia radical (remoção completa da bexiga, com a construção de um novo órgão para armazenamento da urina).
Além da cirurgia, a radioterapia pode ser adotada nos tumores mais agressivos como tentativa de preservação da bexiga, e também pode ser necessária a aplicação de quimioterapia. Há também a possibilidade do uso de imunoterápicos, como a vacina de BCG aplicada diretamente na bexiga, ou terapia-alvo, que é consumida por via oral e sem a necessidade de se deslocar ao centro de tratamento. (Metrópoles)